POLITICA
Falta de pediatras e desligamentos de médicos dos planos de saúde geram transtornos à população
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Bia em 21.10.2013 às 3:44
Foto: Reprodução
Por Gabriel Oliveira | Jornal A Semana
Hoje, o problema da escassez de pediatras é uma dura realidade enfrentada pela população brasileira. Em números, no ano de 1996, 13,6% dos médicos eram pediatras, hoje, apenas 9,8%. A explicação para faltar mais pediatras do que outros médicos começa nas faculdades: os alunos de medicina estão desistindo da pediatria.
As causas dessa redução no número desses profissionais são, principalmente, a baixa remuneração do especialista em pediatria, pois se trata de uma especialidade puramente clínica, sem a realização de procedimentos cirúrgicos, o que aumenta consideravelmente a renda de profissionais especialistas em outras áreas, e a exigência, por parte dos pais e da imprevisibilidade da saúde das crianças, de que o médico pediatra esteja à disposição nas 24 horas do dia, além de que, em boa parte dos casos, as crianças apresentam doenças de diagnóstico simples, o que acaba levando os pais a se direcionarem a prontos-socorros comuns para consultas com profissionais clínicos, que conhecem os tratamentos convencionais, deixando apenas os casos de alta complexidade para o especialista pediátrico. Em Vitória da Conquista, o Esaú Matos, a Santa Casa, a Hospec e o Hospital de Base, são unidades de alto padrão e que atendem pelo SUS, porém, mesmo possuindo uma boa estrutura, faltam-se médicos pediatras suficientes para atenderem à demanda, e quando se tem um profissional disponível, este chega a realizar cerca de 40 atendimentos por plantão.
Dr. Nivaldo Burgos
Segundo o Dr. Nivaldo Burgos, que atua no ramo da pediatria há 43 anos, “na minha turma de 1969, a turma de pediatria correspondia a 25% dos formandos, onde se tinha um predomínio maior das mulheres. Com o tempo, esse número foi diminuindo, que hoje, segundo pesquisas que vi, corresponde a 5% de quem se forma em medicina, e isso se dá por conta de vários fatores, entre eles a sobrecarga de trabalho, a má divisão de atendimentos em postos e hospitais, condições de trabalho muito ruins e as condições financeiras também que são péssimas, pois o médico que ganha menos é o pediatra. O que se tem que fazer é coordenar a pediatria, que está totalmente desorganizada. Nós pediatras precisamos nos reunir para vermos que podemos fazer para dar uma assistência melhor às crianças, para que o atendimento pediátrico se desafogue e para que a pediatria volte ao eu auge”. (mais…)