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Colunistas Gabriel Oliveira

OPINIÃO: Lomantão assombrado ou diretoria incompetente?

POR GABRIEL OLIVEIRA*

577286_675496465813804_1925180823_nVitória da Conquista sempre foi uma cidade extremamente carente no quesito futebol profissional. O Conquista Futebol Clube e o Serrano começaram bem mas caíram no desgosto da população conquistense pela falta de resultados. Em 2006 então surgiu uma luz no fim do túnel: o Esporte Clube Primeiro Passo de Vitória da Conquista, o bode, que despontou como a terceira força do futebol baiano, desbancando, em várias oportunidades, o Vitória, que foi, por algum tempo, o principal representante do futebol baiano no cenário nacional.

Eu, na época, ainda na adolescência, me apaixonei pelo Vitória da Conquista. Comprei camisas, enfrentei filas enormes para trocar notas fiscais por ingressos e mobilizei toda a família para que juntassem as notas com esse objetivo, e quando não podia ir ao estádio, ouvia as narrações de Luiz Alves na 96 FM, de forma que deixava de assistir clássicos de Vasco x Flamengo para acompanhar o bode do sudoeste baiano, principalmente contra o Itabuna, afinal, aquilo é que era rivalidade; lamento por quem não teve o prazer de acompanhar. O Lomantão nunca esteve tão vivo: foram algumas das maiores médias de público da história do campeonato baiano. Vitória da Conquista x Itabuna, Vitória e Bahia, se tornaram importantes registros para a história da cidade.

Em 2005 o Vitória da Conquista foi fundado enquanto time de futebol profissional e em 2006 foi campeão da Série B do baiano invicto. Em 2007, se minha memória não falha, foi 7º colocado, mas com uma campanha de destaque. Em 2008? Ah amigos, foi o ápice. Para que se tenha uma ideia, teve um 5×5 com o Vitória da Salvador, um dos jogos mais emocionantes de minha vida, o qual assisti pela TV Aratu. Nesse ano, o Conquista chegou ao último jogo da última fase em 1º lugar, dependendo apenas de si para ser campeão baiano e se sagrar como o time mais jovem a ganhar um baianão. Dependia só de si, mas perdeu, por motivo de suspensão, o herói do time: o atacante Tatu, um dos artilheiros do campeonato daquele ano. A adrenalina volta às veias só de lembrar como foi bom. Foi bom, mas se foi!

O Vitória da Conquista chegou então à Série C do campeonato baiano e eu fui em todos os jogos realizados no Lomantão. Ainda se tinha a desculpa de ser um time iniciante, com pouca experiência em competições daquele porte, mas a campanha não foi de todo ruim. Junto com o Itabuna, o time avançou até onde pode, ficando atrás de ASA e Confiança e sendo eliminado do campeonato, sendo classificado uma posição abaixo daqueles que se manteriam na série C no próximo ano. A diretoria entrou com um processo no STJD contra o Duque de Caxias, com o objetivo de ficar com a vaga que o time carioca ocupava, alegando a escalação de um jogador suspenso em um jogo da segunda fase. Foi um sopro de esperança logo frustrado.

No ano seguinte, o caminho rumo à ascensão do time no cenário nacional foi caindo, principalmente com a implantação da Série D, um obstáculo a mais para times pequenos. A freguesia do Vitória acabou e o Conquista passou a ser mais um time do interior, que se destacava ganhando dos pequenos, mas sempre decepcionando quando se chegava a disputas importantes com o Bahia e o Vitória. Nos anos seguintes os times de Feira de Santana foram se destacando, o Bahia de Feira surgiu e foi logo campeão baiano. Para quem amava o bode foi uma facada no peito, afinal, com uma administração de sucesso, o time conseguiu rapidamente aquilo que nós desejávamos e batíamos na trave a algum tempo.

Para encurtar a história, e não tirar alguns méritos do clube, hoje, o Conquista, é o maior ganhador da história da Copa Governador do Estado da Bahia, com três títulos consecutivos, algo que ainda serviu para animar os torcedores. Porém, mesmo com tudo isso, o Lomantão vê, mais uma vez, suas arquibancadas esvaziarem. Mas porque? Pela vergonha que se passa toda vez que o time sai para uma competição maior. É destaque da Copa Governador, chega próximo do título no baianão, mas treme as pernas toda vez que joga com o Vitória e o Bahia, e sai, como já vimos algumas vezes, sem, sequer, uma vitória na Série D.

Não basta ganhar competições em que os times grandes não estão. O torcedor quer ver a raça do time é quando ele está em desvantagem. É difícil entender os motivos que levam a diretoria, mesmo após sucessivas decepções, apostar sempre nos mesmos jogadores e na mesma comissão técnica. Vitória da Conquista respira futebol. Basta ir a qualquer campo de várzea aos sábados, domingos ou até dias de semana para ver as competições sérias que se travam e as estrelas que se revelam. O Lomantão não é assombrado, mas a teimosia de não se procurar alternativas e investimentos para superar a mediocridade não permite que o time cresça.

Um time que leva o nome de uma cidade em seu nome, tem com ela uma responsabilidade diferenciada. Do que adianta ser considerada a terceira força do futebol baiano se bate na trave todos os anos? Eu nasci em Vitória da Conquista, sou torcedor do Vitória da Conquista e quero voltar a sentir a emoção e o frio na barriga mesmo antes de entrar no estádio.

*Gabriel Oliveira é estudante de Direito da UESB, servidor efetivo da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, diretor de jornalismo do Blog da Bia Oliveira e amante dos esportes, da fotografia e da vida.