Justiça Vitória da Conquista

Com prisão preventiva decretada, pastor foragido planeja abrir igreja na região de Itapetinga com ajuda de aliados

Pastor Edimar chegou a ser preso e depois foi colocado em liberdade

Mesmo com a prisão preventiva decretada pela Justiça de Vitória da Conquista, nessa segunda-feira (19), o auto-proclamado pastor evangélico Edimar dos Santos Brito, 39 anos, não tem planos de se entregar. Pelo contrário. Segundo informações de terceiros, ele quer se manter na atividade, abrindo uma pequena congregação na região de Itapetinga, com apoio de antigos aliados de Potiraguá e Iguaí. Os fieis da região, onde Edimar tem bases e relações diretas com a comunidade, defendem o líder de todas as acusações e acreditam em sua inocência.

Edimar foi preso sob acusação de ter sido o mandante do duplo homicídio que teve como vítimas a pastora Marcilene Oliveira Sampaio, então com 38 anos, e da prima dela, Ana Cristina Santos Sampaio, 36.

Ele também foi apontado como autor intelectual da tentativa de homicídio contra o marido da pastora, Carlos Eduardo de Souza, 52. Para consumar os crimes, ele contou com ajuda do também auto-proclamado pastor evangélico Fábio de Jesus Santos, 36, apontado como participante direto nos assassinatos.

Tanto Edimar, quanto Fábio, receberam o benefício da liberdade por excesso de prazo. Apenas o vigilante ilegal, Adriano Silva dos Santos, de 38 anos, terceiro participante nos crimes, cometidos em 19 de janeiro de 2016, foi julgado e condenado a 30 anos de prisão, mas sua condenação foi anulada pelo Tribunal de Justiça da Bahia.

Nessa segunda-feira, o juiz Reno Viana, da Vara do Júri e Execuções Penais de Vitória da Conquista, decretou novamente a prisão preventiva dos três, em decisão de pronúncia que determinou que todos eles sejam julgados pelo Tribunal do Juri.

Por força da decisão , Fábio e Adriano já estão presos em Vitória da Conquista. Edimar continua foragido.

Marcilene Oliveira Sampaio e a prima Ana Cristina Santos Sampaio fora mortas a pedradas (Foto: Reprodução/redes sociais)

 

 

Por que foram soltos?

Ao ignorar a Súmula 21, do Supremo Tribunal de Justiça, que diz que “pronunciado o réu não se alega excesso de prazo”, o Tribunal de Justiça da Bahia mandou colocar em liberdade, em 20 de junho do ano passado, o autor intelectual dos crimes, Edimar da Silva Brito.

Um ano depois da reviravolta jurídica num dos crimes de maior repercussão na Bahia nos últimos anos, ainda provoca revolta na comunidade de Vitória da Conquista, a 509 km de Salvador, onde o episódio ocorreu. O promotor do caso, José Junseira Almeida de Oliveira, se mostra indignado com a situação.

Ao ignorar a Súmula 21, do Supremo Tribunal de Justiça, que diz que “pronunciado o réu não se alega excesso de prazo”, o Tribunal de Justiça da Bahia mandou colocar em liberdade, na tarde desta terça-feira, 20, o ‘Pastor Edimar da Silva Brito’, 38 anos, acusado de ser o mentor intelectual do duplo homicídio que matou a pastora Marcilene Oliveira Sampaio, 38, e a prima dela, Ana Cristina Santos, 36, em dezembro do ano passado.

A reviravolta jurídica num dos crimes de maior repercussão na Bahia nos últimos ano, provocou revolta na comunidade de Vitória da Conquista, a 509 km de Salvador, onde o episódio ocorreu. O promotor do caso, José Junseira Almeida de Oliveira, se mostrou indignado com a situação.

“Eu estava em férias, retornei dia 19, e fui surpreendido. Fiquei indignado com a notícia de que o Edimar havia sido posto em liberdade por ordem do Tribunal de Justiça, não daqui da Vara do Júri de Vitória da Conquista. Vejam os senhores que o autor de dois crimes bárbaros, duas vítimas barbaramente violentadas, torturadas, assassinadas e o mentor do caso, autor intelectual, a peça-chave, hoje está posto em liberdade”.

Além de Edimar, outros dois foram denunciados: Fábio de Jesus Santos, 35 anos, e Adriano Silva dos Santos, 37. Adriano foi julgado e condenado a 30 anos de prisão; dois recorreram – Fábio e Edimar – por isso não foram julgados ainda. “Aí vem o Tribunal (de Justiça) e libera, revoga a prisão, dizendo que houve excesso de prazo”, continua o promotor.

“Notem que o caso aconteceu há menos de dois anos, em 19 de janeiro de 2016, a denúncia foi oferecida em 12 de fevereiro de 2016, a audiência de instrução no mês de março e em agosto do ano passado os três foram pronunciados”, enfatiza Junseira

“Nós fomos surpreendidos com essa notícia. Ou seja, Edmar não foi julgado ainda porque? Por culpa exclusiva dele, que não aceitou a pronúncia e recorreu. Se ele não tivesse recorrido, teria sido julgado. Então como alegar excesso de prazo numa demora provocada pela defesa e não pelo Poder Judiciário ou pelo Ministério Público? Isso revolta a comunidade e mais ainda o Ministério Público que é o representante, a voz da comunidade e se sente indignado com uma situação dessa”.

JULGAMENTO À REVELIA

O promotor chega a temer pela fuga de Edimar. “Quando esse cidadão vai ser preso, vai ser julgado? Agora vai ser apreciado o recurso do Tribunal, mantida a pronúncia e ele deverá ser julgado, mas quem garante que ele será encontrado? O Edimar fugiu. Ele precisou ser perseguido pela polícia para ser preso e responder ao processo”.

Foram sete dias de diligências contínuas, sendo que no dia da prisão, a equipe do delegado Marcus Vinícius saiu de Conquista às três da madrugada e voltou à meia-noite, após rodar 832km.

Todo esforço da polícia foi ignorado com a soltura do acusado. O promotor reclama: “E a esse que e negava a responder pelo crime que cometeu, se dá a liberdade de forma gratuita. Ele já mostrou que não tem interesse em responder pelos crimes que cometeu e em ser julgado. Se tivesse ele teria se apresentado, mas, não. Ele fugiu. Quem garante que ele não vai fugir novamente? Ele foi o mentor, por motivo fútil, torpe.”

A frieza de Edimar foi também citada pelo promotor. “Ceifa duas vidas, mostrando que não tem o menor respeito pela integridade, pela sociedade, pela vida humana e o Tribunal concede a esse cidadão. Ele pode ser julgado, inclusive, à revelia, sem a presença dele. Mas ele tem que ser preso para cumprir a pena que lhe seja imposta”, concluiu.

Fonte: TV Sudoeste Digital