Serviços Públicos Transporte Vitória da Conquista

“Vanzeiros” se mobilizam em prol da legalização do transporte alternativo; prefeitura permanece irredutível

Gabriel Oliveira/Jornal A Semana

Assembleia da Cooperconquista. Fotos: Gabriel Oliveira

Assembleia da Cooperconquista. Fotos: Gabriel Oliveira

A problemática do transporte público coletivo de Vitória da Conquista ganhou mais uma pauta de discussões nos últimos meses: o crescimento do número de vans que, ainda ilegalmente, fazem o transporte de passageiros que utilizam o transporte coletivo como meio de locomoção dentro da cidade. De um lado da discussão, estão os denominados ‘vanzeiros’, que têm se mobilizado para a legalização, e, segundo eles, atender de forma satisfatória à população, suprindo as lacunas deixadas pelos ônibus coletivos, e do outro lado a Prefeitura, por meio da coordenação municipal de trânsito, que tem feito vistas grossas e aumentado a fiscalização do que considera transporte clandestino.

A mobilização dos ‘vanzeiros’, a partir desse cenário de contradições, tem tomado grandes proporções, a ponto de paralizações e protestos que reúnem até as pessoas que utilizam o serviço, e a organização de cerca de condutores e trabalhadores das vans em uma organização denominada Cooperconquista (Cooperativa de Transporte Alternativo de Vitória da Conquista). Segundo dados da direção da cooperativa, o número de cooperados já alcança 100 pessoas.

Joabe Couto

Joabe Couto

“Nós estamos encontrando uma grande dificuldade com a fiscalização, algo que nós já sabíamos que aconteceria, e foi justamente por isso que nós criamos essa cooperativa, para unir forças, se qualificar, adequar os veículos conforme as normas de trânsito e procurar atender de forma correta e satisfatória à população. Nós já fomos até a prefeitura, já comunicamos às autoridades competentes o nosso desejo de nos legalizarmos, porém não obtivemos resposta, e enquanto essa resposta não for dada nós estaremos aperfeiçoando nosso trabalho”, disse Joabe Couto, vice-presidente da Cooperconquista.

Mesmo com toda essa movimentação dos condutores de vans, a prefeitura permanece com sua posição irredutível, já que escolheu, desde 1997, regulamentar o sistema municipal de transporte, e restringiu tal sistema aos ônibus coletivos através de licitações, além dos táxis e do transporte escolar.

Herling Conceição

Herling Conceição

Segundo o coordenador municipal de trânsito, Herling Conceição, “a prefeitura, através do Simtrans, continua a fiscalizar o nosso transporte e a combater o transporte clandestino, e esse transporte feito por vans, até que seja deliberado sobre a possibilidade, ou não, de sua legalização, é considerado transporte clandestino, de forma que a gente entende que não oferece segurança à população e nós permaneceremos nas fiscalizações e blitz diuturnamente. O município recebeu a documentação da cooperativa formada pelos condutores de vans e em breve será dada uma reposta por escrito, que é o que eles querem, mas numa conversa com eles já foi dito que o município já estabeleceu o seu sistema. A eles são dadas oportunidade para participarem de licitações de transporte de equipes de saúde e escolares na zona rural, mas eles insistem em realizar o transporte coletivo de passageiros dentro do município e isso nós não vamos aceitar”.

Enquanto tal situação não se resolve, os conflitos permanecem. Os ‘vanzeiros’ buscam formas de prestar seu serviço, ocupando, na maioria das vezes, um espaço que legalmente é das empresas licitadas, mas que não atendem de forma completa à população e dão espaço para o surgimento de formas alternativas de transporte coletivo. E a prefeitura tenta, com poucas ferramentas, barrar o crescimento deste transporte, até o momento ilegal, mas que tem se mostrado eficiente e necessário para a solução do problema do transporte público de Vitória da Conquista.