Polícia Vitória da Conquista

Três meses após ter casa demolida, idosa ainda aguarda reconstrução

Idosa ao ver casa demolida em Vitória da Conquista, no sudoeste da BA (Foto: Reprodução/TV Bahia)

Idosa ao ver casa demolida em Vitória da Conquista, no sudoeste da BA (Foto: Reprodução/TV Bahia)

Três meses após ter a casa demolida por um empresário no município de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, a idosa Valdete Almeida, de 84 anos, ainda não tem previsão de quando terá o imóvel reconstruído.

De acordo com Roque Azevêdo, que é sobrinho da idosa, o processo que envolve o caso não avançou mais de 90 dias após o crime, que ocorreu em 30 de agosto deste ano.

“Minha tia chega lá no terreno [da casa demolida] e começa a chorar. Ela quer ter casa dela de volta. O caso não avança e a gente sabe que o lado mais fraco é o que sofre”, afirma. Roque acrescenta que trâmites burocráticos têm impedido que a questão avance. “Está esbarrando na burocracia”, considerou.

Idosa ao ver casa demolida em Vitória da Conquista, no sudoeste da BA (Foto: Reprodução/TV Bahia)

Idosa ao ver casa demolida em Vitória da Conquista, no sudoeste da BA (Foto: Reprodução/TV Bahia)

A advogada da família, Cristiane Gobira, critica uma suposta morosidade da Justiça no caso. Ela explica que os clientes não têm condições financeiras de arcar com os custos do processo.

Por isso, pediu à Justiça a consideração de carência econômica e necessidade de assistência jurídica.  Entretanto, teve o pedido negado até que apresente uma procuração dos interessados. “Foram feitas algumas considerações [pela Justiça], que já estamos resolvendo. Já poderíamos ter tido um parecer liminar para ser juntado ao processo”, contou.

A advogada destaca que nenhuma audiência do caso foi marcada até o momento. Além disso, conta que o empresário que confessou a demolição e se comprometeu a reconstruir o imóvel nunca formalizou essa intenção. “Nunca houve uma proposta escrita. Sempre de boca e nada avança”, relata. Também não houve indenização financeira.

Procurada pelo G1, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) atestou que a advogada que atende à família “não recebeu poderes (especiais) para afirmar carência econômica dos interessados e pleitear assistência judiciária”. Conforme o último despacho sobre o caso, publicado no dia 28 de novembro, a advogada tem um prazo de 15 dias para regularizar essa situação.

Sobre a reclamação da advogada e dos familiares da idosa, de morosidade da Justiça na resolução do caso, o TJ-BA não comentou. O órgão disse apenas que “o processo segue normalmente”.

Caso
O crime ocorreu em 30 de agosto. O empresário Allan Kardec, que foi indiciado por dano qualificado pelo crime, não chegou a ser preso. Ele disse ter mandado derrubar a casa depois que Deusdete Almeida, filho da idosa, ter quebrado a vitrine do imóvel dele.

A demolição ocorreu no momento em Valdete estava fora fazendo um tratamento de saúde, e Deusdete estava na delegacia prestando esclarecimentos sobre a acusação do empresário. Quando Deusdete voltou para casa, cerca de uma hora e meia depois, encontrou o imóvel destruído e os pertences da família no meio dos escombros.

Ao G1, a idosa falou sobre a angústia na época do crime. “Não está nada bem, foi um mês muito difícil. Ele não demoliu só minha casa, demoliu minha história de vida. Estava lá há mais de 40 anos”, desabafou.

A idosa está abrigada na casa de um sobrinho desde o dia que a casa foi demolida. Entre as dificuldades enfrentadas longe de casa, dona Valdete destaca a situação do filho, que sofre de problemas mentais e não se adaptou à nova moradia.

Com a demolição, apenas algumas paredes da casa ficaram de pé. Em meio aos escombros, ficaram os móveis e os objetos da família. O terreno onde ficava o imóvel, localizado na BA-262, tem três hectares e foi uma herança deixada pelo pai de Deusdete, que já morreu.

Fonte: G1 Bahia