Governo Municipal homenageia artistas do Forró do Piripiri

 

As sanfonas já pareciam ter se calado. Afinal, foi concluída na semana passada a oitava edição do Forró Pé de Serra do Piripiri, durante a qual cerca de 30 representantes dos autênticos ritmos nordestinos se apresentaram entre os dias 12 e 24 de junho, dividindo-se entre a Praça 9 de Novembro e o Centro Glauber Rocha e levando dezenas de milhares de pessoas aos dois espaços.

Mas o Governo Municipal reuniu novamente esses artistas no mesmo Centro Glauber Rocha*, na noite de quarta-feira, 29 – dia de São Pedro –, a fim de confraternizar e avaliar o sucesso obtido mais uma vez pelo evento junino conquistense. Aí, então, a “santíssima trindade” do forró (sanfona, zabumba e triângulo) voltou a produzir o som cadenciado do baião, do xote e de outros ritmos consagrados por Luiz Gonzaga.

Homenageado pelo evento neste ano, o sanfoneiro Joel Pinheiro, 80 anos, agradeceu mais uma vez com a mesma simplicidade com que dominou sua sanfona de 120 baixos na noite do dia 23. “É um prazer estar aqui nesta beleza de festa. Quero agradecer a Deus e a todos vocês presentes. Achei que nem merecia essa homenagem toda, mas agradeço”, confidenciou.

‘Cultura e alegria’ – Por falar em sanfona, a que iniciou a cerimônia de ontem foi a de Cainã Barbosa, que também se apresentou no evento na noite de São João, ao lado do pai, Onildo Barbosa. A seu lado, a zabumba se revezou entre Manel da Zabumba e Martelo. E o triângulo iniciou a noite sob o comando de Paulo Henrique Santos, 49, integrante do Trio Vitória, que tocou na Praça 9 de Novembro no dia 14.

Paulo é deficiente visual, assim como seus dois colegas do Trio Vitória. Isso não os impede de disseminar o forró pela região. O trio foi formado há oito anos, na Associação Conquistense de Integração do Deficiente (Acide), à qual os três músicos são ligados. Eles se apresentaram nas últimas quatro edições do Forró Pé de Serra do Piripiri. E, além de Vitória da Conquista, já mostraram seu repertório nos municípios de Iguaí, Cordeiros e Caraíbas.

“É muita honra. A gente se empenha em mostrar o verdadeiro talento de Vitória da Conquista”, disse Paulo. “O forró autêntico é o que leva cultura e alegria para as pessoas”, complementou.

‘Música para coisas boas’ – Paulo entregou o triângulo aos cuidados daquele que era, talvez, o mais jovem “triangueiro” ali presente: Joab Ferraz, de apenas 12 anos, cujos objetivos profissionais não são modestos: “Tocar com músicos diferentes é muito bom. Cada dia, eu me dedico mais. Quero ser um músico estourado na região nordestina”.

Além do triângulo, Joab toca bateria, zabumba e agogô, e ainda “um pouco de violão”, como ele mesmo diz. E, a depender da disposição do pai, Jesuíno dos Santos, o popular Zu do Acordeom, o caminho para o garoto está livre. “Fico orgulhoso. A música só incentiva as pessoas para as coisas boas. O que eu puder fazer para ajudá-lo a ficar nesse meio, vou fazer”, afirmou Zu, que tem cerca de 30 anos de estrada e já tocou com outros homenageados da noite, como Joel Pinheiro, Caetano Bomfim e Edson Dias.

‘Qualidade, essência e raiz’ – Como já sabem as pessoas que foram à Praça 9 de Novembro e ao Centro Glauber Rocha, foi com artistas assim que o Forró Pé de Serra do Piripiri foi promovido pela Prefeitura em 2016. A resposta foi dada pelo público, que além de ter comparecido na programação vespertina e noturna do centro comercial da cidade, praticamente lotou a área de eventos do Glauber Rocha nos três dias de palco principal.

“Nunca convidamos quem não pudesse estar à altura dos artistas de Vitória da Conquista”, informou o prefeito Guilherme Menezes. “Nossa festa é grande porque tem qualidade, essência e raiz. Foi um ano de dificuldade, mas fizemos uma festa em grande estilo”, disse ainda o gestor.

*Além do prefeito Guilherme Menezes e do artista homenageado, Joel Pinheiro, a frente de honra foi composta por Nagib Barroso, secretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, e José Raimundo Fontes, deputado estadual.