Estratégias para evitar a comilança na quarentena
Embora a má alimentação fosse associada diretamente ao corre-corre da rotina do brasileiro, o período de confinamento domiciliar de quem pode ficar em casa tem mostrado o outro lado da moeda. Cumprir quarentena se tornou a desculpa perfeita para comer de forma descontrolada. Especialistas explicam o impacto dessa conduta na saúde das pessoas e dão dicas de como evitar a comilança em meio ao cenário de coronavírus no país.
O biomédico e empresário Thiago D’Ávila, de 35 anos, engordou 3kg desde que o confinamento domiciliar foi recomendado no Rio Grande do Sul. O gaúcho, de Porto Alegre, vê a comida como uma rota de fuga do tédio e ansiedade causados pela quarentena.
— Sempre estou beliscando e bebendo alguma coisa. Não tem um intervalo certo entre as refeições. Se sinto vontade de comer, como mesmo. Satisfaz na hora, mas a culpa vem logo depois — conta.
Talles Bastos, de 23 anos, também não está satisfeito com a falta de controle na comida:
— Eu almoço meio-dia todo dia por causa do trabalho. Depois disso, não tenho hora para nada. Como fico em casa o dia inteiro, a toda hora como uma besteira, biscoito ou sorvete. Devo ter engordado uns quilos já — conta o estudante de farmácia, morador de Campo Grande, Zona Oeste do Rio.
A psicóloga Nala Rizzo explica que as incertezas ocasionadas pela pandemia geram o que ela chama de “fome emocional”, quando o ato de comer não alimenta apenas o corpo, mas atende a emoções como ansiedade e angústia.
— Estamos vivendo situações de muita mudança, medo do contágio, medo dessas questões econômicas, entre outras coisas. Tudo o que está relacionado à Covid-19 gera muita ansiedade e, às vezes, a inabilidade de lidar com esses problemas estimula a procurar a comida, porque o alimento traz esse imediato — explica.
Além dos problemas crônicos causados pela má alimentação, como a hipertensão e o diabetes, o endocrinologista Francisco Tostes enfatiza consequências que podem vir a curto prazo do hábito de não comer vegetais, frutas, proteínas magras e grãos integrais, e optar por refeições ricas em açúcares e carboidratos refinados.
— Se uma pessoa bebe muito refrigerante, suco de caixinha ou come muito bolo, por exemplo, ela vai aumentar em 25% a chance de apresentar um quadro de depressão, e esse é um momento muito delicado para dar abertura a esse tipo de problema — comenta o médico.
Tostes destaca ainda a importância de montar um prato colorido, com alimentos ricos em nutrientes e fibras, para sustentar os níveis de magnésio e ferro no corpo, minerais essenciais para modular o sono e manter a disposição, respectivamente.

Boa alimentação contra doenças
A nutricionista Bruna Lyrio destaca a importância de uma boa alimentação para o fortalecimento do sistema imunológico.
— Se uma pessoa está com a imunidade fortalecida e é contaminada por algum desses vírus, a probabilidade de ter uma resposta melhor ao tratamento é muito maior. É muito importante comermos frutas e verduras — conclui.
Para evitar ao máximo ir ao supermercado, a nutricionista indica alimentos que tenham uma maior durabilidade. Entre as frutas, cita maçã, pera, laranja, limão e manga. No caso da banana, que tem duração menor, pode-se cortá-la em pedaços e colocá-la no congelador, para posteriormente usá-la numa vitamina.
É importante ingerir alimentos com vitamina C, que ajuda a reforçar o sistema imunológico. A laranja e a tangerina entram nesse grupo.















