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Polícia Vitória da Conquista

Violência: a triste semelhança entre Vitória da Conquista e Itabuna

Vitória da Conquista: 35 homicídios desde janeiro

Vitória da Conquista: 35 homicídios desde janeiro

Ainda sofrendo os efeitos da crise do cacau, provocada por uma epidemia da doença conhecida como Vassoura de Bruxa, que quase dizimou a economia regional, Itabuna está longe daquele centro imponente e progressista anterior a meados dos anos 1990, quando a praga consolidava o seu castigo sobre os municípios regionais, abatendo a riqueza da cidade que era um dos símbolos de prosperidade no interior da Bahia. Como se não bastasse, o município também viria a sofrer com péssimas administrações públicas, ora por conta da crise, ora porque os gestores eleitos não tiveram capacidade de enfrentar os problemas e ajudar a cidade a retomar a força de outrora.

Quase ao mesmo tempo em que se instalava a crise do cacau em Itabuna e região, Vitória da Conquista também teve a sua crise. Prejudicada por uma política nacional equivocada (Operação Patricia) e por condições climáticas adversas, a lavoura do café minguou e o prognóstico era fatal: a cafeicultura poderia se extinguir no município. Entretanto, embora presente em quase toda a região do planalto, a cafeicultura não tinha o mesmo peso regional que a cacauicultura, que era a base da economia de todos os municípios que gravitam em torno de Itabuna. Assim, as alternativas vocacionais comuns aos dois municípios, por suas localizações geográficas e pelo seu desenvolvimento, o serviço e o comércio, sofreram e reagiram às crises de formas diferentes: para as cidades que alimentavam Vitória da Conquista o baque da cafeicultura não foi tão grande, como foi o baque da Vassoura de Bruxa para a população dos municípios que gastavam em Itabuna, por isso Conquista se recuperou mais rápido e, pelos números atuais, está em uma situação econômica e apresenta níveis de desenvolvimento superiores à capital grapiúna.

Outra diferença que se deu foi na administração pública. Com dois governos muito ruins, 1989-1992 e 1993-1996, o pedralismo encerrou um ciclo de mais de 20 anos, abrindo espaço para a administração petista que completa 20 ano no fim de 2016. E uma coisa que ninguém pode negar é que o projeto capitaneado por Guilherme Menezes, abençoado pelo poder central, com Lula à frente, ajudou a alavancar a economia conquistense e elevou o município a um novo patamar, a ponto de figurar entre as 100 melhores cidades brasileiras para morar e investir. Enquanto Itabuna, a despeito da força e do empenho do seu povo, da honestidade de seus trabalhadores e da sua reconhecida importância política, ainda busca a sua virada, a mudança que permitirá ao município um reinício histórico, com revitalização urbana, melhorias na infraestrutura e desenvolvimento econômico e social, de modo a resgatar a autoestima da população e recolocar Itabuna no lugar de onde nunca deveria ter saído, como uma das cidades mais importantes do estado da Bahia e do Brasil. Potencial para isso é o que não falta.

Mas, se neste momento histórico ficam bem visíveis as diferenças entre as duas cidades, do ponto de vista de infraestrutura urbana e desenvolvimento econômico e social, uma semelhança existe e ela se sobressai pela infelicidade que causa: a violência. E, mais trágico ainda, a violência que mata adolescentes e jovens na periferia. Essa trágica semelhança vive colocando Vitória da Conquista e Itabuna à frente de rankings de violência e os nomes das duas cidades estão nos mapas dos lugares que mais matam no Brasil – e no mundo. Parecem debalde os esforços das forças policiais, das entidades de proteção dos direitos civis e demais instituições que se preocupam com a violência crescente.

E os sinais são de que essa verdadeira guerra, que tem o tráfico de drogas como ponto inicial e final e ceifa a vida de jovens – a maioria negros, pobres e da periferia – e assusta a população – que a cada dia sente-se mais ameaçada e já não transita pelas ruas sem sobressaltos – ainda deve aumentar. Só este ano, já foram 31 homicídios em Itabuna. Em Vitória da Conquista o número de mortes nessa guerra chegou a 35, sem contar duas mortes de bandidos em confronto com a polícia, em janeiro. Dos mortos em Conquista, mais da metade tinha menos de 19 anos. Com estes números, de janeiro até aqui, a taxa de assassinatos nos dois municípios, considerando a última população estimada pelo IBGE (2015), chega a:

Itabuna, com 219.680 moradores – 14,11 homicídios por 100 mil habitantes; Vitória da Conquista, com 343.230 moradores – 10,19 homicídios por 100 mil habitantes.

Entre as cidades acima de 300 mil habitantes, Conquista é a que tem o maior registro de homicídios, segundo a ONG mexicana Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y la Justicia Penal. E Itabuna está entre as primeiras do ranking entre as cidades mais letais para jovens, segundo o Mapa da Violência 2015. Uma triste e trágica semelhança. Para os moradores das duas cidades o desejo é que despareçam as razões para essa fama. No caso de Itabuna, em especial, que o próximo governante e os novos vereadores, a serem eleitos em 2 de outubro, consigam, enfim, criar as condições para que o município retome seu dinamismo e encontre um caminho que permita a redução das gigantescas disparidades sociais que foram recrudescidas com a crise cacaueira, que, de tão longe no tempo, já não devia estar presente e menos ainda orientar o futuro da cidade.

IMPORTANTE: Os números apresentados aqui foram colhidos em pesquisa que o BLOG fez em sites e blogs das duas cidades. A autoridade policial pode contestar os dados e o BLOG está aberto para fazer os reparos quando e se for o caso.

Sobre o número de assassinatos em Vitória da Conquista, os casos já registrados em fevereiro foram somados às ocorrências conhecidas de janeiro, que  contabilizou 25 homicídios.

Fonte: Blog do Giorlando Lima