Vitória da Conquista

Prefeitura antecipa entrega de donativos a moradores de São Mateus devido ao temporal do último fim de semana

Afetados pelos efeitos do temporal do último sábado (13), moradores do povoado de São Mateus, situado a cerca de 40 quilômetros de Vitória da Conquista, no distrito de Bate-Pé, receberam nesta segunda-feira (15), 84 kits com mantimentos adquiridos com recursos viabilizados pela Prefeitura de Vitória da Conquista junto à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Os suprimentos foram entregues pela equipe da Coordenação Municipal de Defesa Civil (Compdec). Cada kit continha um colchão, itens para dormitório, cesta básica, materiais para higiene doméstica e pessoal e produtos de limpeza.

O temporal que atingiu São Mateus e outras localidades da região veio acompanhado de ventos fortes e granizo, provocando danos em vários imóveis. O povoado já estava incluído na lista de beneficiados pela ajuda humanitária, pois as chuvas do final de 2022 tinham afetado várias famílias. No entanto, em razão da tempestade do último final de semana, o povoado teve sua vez antecipada pela Compdec. “Uma vez que o pessoal foi atingido agora, neste último final de semana, por esse temporal, nós priorizamos em relação às outras localidades que ainda estavam sendo atendidas”, explicou o engenheiro da equipe, Gabriel Queiroz.

Embora não tenha havido registro de pessoas feridas, os moradores viram cenas que, para eles, foram inéditas. “Com essa idade, eu nunca tinha visto uma chuva desse jeito”, assegurou a professora aposentada, Heleni Ana de Jesus, 72 anos, em cuja casa os moradores se reuniram para receber os donativos. “Não teve uma só casa que não foi atingida. A gente via isso fora, pela televisão. Mas, aqui, não. Ficamos morrendo de medo. Achei que minha casa fosse desabar”, contou Heleni.

A casa não desabou, mas teve várias telhas arrancadas pelo vento. A tampa de um dos reservatórios de água também não resistiu à força do vendaval e voou pelos ares, antes de cair nos fundos da casa. Além de telhados devastados, os relatos de outros moradores davam conta de casas e muros que desabaram, árvores arrancadas (inclusive umbuzeiros e algarobas) e interrupção do fornecimento de energia elétrica. Enquanto a Compdec distribuía os kits, já depois do anoitecer, ainda havia gente sem luz em casa.

A casa onde mora a família de Maria Aparecida Oliveira, 29 anos, foi uma das mais atingidas. O teto da garagem desabou, assim como o bar que era propriedade dela e do marido. Além disso, uma árvore caiu sobre o automóvel da família. “Perdemos o bar, que era nossa fonte de renda. Perdemos muitas mercadorias, o freezer e a geladeira foram danificados”, lamentou Maria Aparecida, antes de apanhar seu kit de mantimentos. “Estamos precisando muito dessas doações”, afirmou.

Com maior ou menor intensidade, o mesmo cenário de telhas arrancadas e outros danos foi descrito pela lavradora Solange Lial, 41 anos, que divide a casa com o marido e os dois filhos. “A gente nunca tinha visto isso. Ficamos muito assustados. Essa ajuda é muito importante, porque o pessoal está precisando. É uma assistência muito boa. Ficamos felizes”, disse.

Para a também agricultora Maria Zélia Santos, 50 anos, a antecipação da ajuda humanitária para São Mateus foi uma notícia bem-vinda. “Ainda mais agora, que estamos quase sem condições. A gente trabalha e ganha pouco. Muitos vivem só do Bolsa Família”, contou Maria Zélia.

Segundo a agente comunitária de saúde Ana Lúcia dos Santos, que atende à população de São Mateus há 14 anos e hoje é responsável por 90 famílias, a ajuda humanitária vai atenuar o sofrimento da população local. “Sempre que a gente precisa, a Defesa Civil nos dá o suporte. Isso é importante, porque a comunidade é carente e o pessoal realmente precisa. Infelizmente, não houve residência que não foi estragada. O prejuízo foi muito grande”, observou a agente.