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Polícia reconstitui morte de bebê que teria caído de carro no sul da Bahia

O bebê de nove meses, segundo versão dos pais, teria aberto a porta do carro

O bebê de nove meses, segundo versão dos pais, teria aberto a porta do carro

Peritos do Departamento de Polícia Técnica e policiais civis fizeram, na terça-feira (29), a reconstituição da morte do bebê Pedro Silva Carneiro, de 9 meses, na cidade de Prado, após supostamente ter caído de um carro em movimento, segundo relato dos pais, que foram presos. O casal participou da ação de reconstituição, que durou mais de quatro horas, junto com a polícia.

O pai, Jorge Mendes Carneiro Junior, e a mãe, Erisangela Santos Silva foram ao local onde teria ocorrido o acidente em carros separados. Eles dizem que o filho caiu do carro em movimento depois de soltar o cinto de segurança da cadeirinha e abrir a porta do carro. Com contradições entre as versões dos pais e de testemunhas, a polícia decidiu refazer a cena.

Duas testemunhas participaram da etapa inicial da reconstituição, para confirmar se tinham condições de ver os pais quando eles estavam se preparando para sair de carro da Praia da Paixão, antes de ocorrer o suposto acidente em uma estrada.

Os peritos usaram o carro do casal, a mesma cadeirinha e uma boneca para reproduzir as versões dos depoimentos.

Na estrada onde o acidente teria acontecido, a polícia fez a simulação do suposto acidente várias vezes, com velocidades diferentes. A mãe foi a última a participar da reconstituição e, na metade do processo, ela se recusou a continuar porque estava nervosa.

Para o perito Bruno Melo, a possibilidade de a porta do carro ter sido aberta pelo bebê, como os pais sustentam, é mínima. “Uma criança de nove meses não tem toda essa habilidade para estar abrindo cinto de cadeirinha e destravando a maçaneta do carro e puxando a maçaneta para vir a se jogar desse veículo”, afirma.

A previsão da polícia é de que o resultado da reconstituição saia em 30 dias. O inquérito deve ser concluído na próxima semana, por causa do prazo da prisão temporária do casal, de 30 dias, que termina no próximo dia 9. Segundo o delegado, é possível concluir o inquérito mesmo assim, por causa das provas que eles já conseguiram até agora.

Para o delegado Júlio Teles, da delegacia de Teixeira de Freitas, que investiga o caso, a hipótese de acidente está descartada. “O que foi alegado não tem como se sustentar e aí sim ver se eles vão contar o que realmente aconteceu. Uma coisa é nítida e claramente demonstrada: (o bebê) não caiu do carro e não foi acidente”, diz.

O advogado de defesa do casal,Gean Prates, afirma que não houve agressão e sim um descuido dos pais.

“Houve sim uma negligência com o cuidado que teriam que ter com o filho e no primeiro momento, para se protegerem, criaram uma história que não condiz com a realidade. Na próxima vez que forem interrogados, vão contar o que realmente aconteceu. Houve negligência por parte deles quando não colocaram cinto na criança”, defende.

Exumação
O corpo do bebê Pedro Silva Carneiro foi exumado no dia 22 de novembro em Itamaraju, no sul da Bahia. Conforme o delegado que investiga o caso, no entanto, está contraditória com os fatos e a suspeita é de que a criança morreu vítima de agressão.

O menino teve traumatismo craniano e morreu no dia 29 de outubro no município de Prado, também no sul do estado. O resultado da exumação, realizada para colaborar com a investigação do caso, deve sair em 30 dias. O corpo do bebê estava enterrado desde o dia 31 de outubro, no Cemitério Municipal de Itamaraju, a cerca de 50 quilômetros de Prado.

O pedido para realização da exumação, segundo o delegado, foi feito pela polícia à Justiça de Prado, que aceitou a solicitação.

Os pais de Pedro foram presos temporariamente no dia 9 de novembro em Itamaraju, 12 dias após o suposto acidente. Eles foram encaminhados para a delegacia de Teixeira de Fretas e negaram qualquer agressão ao bebê.

Morte
A criança de 9 meses morreu no dia 29 de outubro, quando viajava com os pais por uma estrada do município de Prado. Os pais da vítima só registraram o ocorrido um dia depois. “A história contada pelos pais vai de encontro com as capacidades da criança e com os sistemas de segurança do carro”, disse o delegado.

O delegado relatou que ficou sabendo de um histórico de agressões depois que policiais de São Félix do Coribe, cidade onde o casal mora, entraram em contato com ele.

“Não sei o que aconteceu por lá. Os policiais da cidade me procuraram ao saber da morte da criança e disseram que já havia registro na delegacia de agressão contra esse bebê. O que foi relatado é que no dia 28 de agosto, quando a criança tinha sete meses ela teria sido arremessada pelo pai contra a mãe. A mãe foi ouvida e contou uma versão sem saber o que tinha acontecido com o bebê, depois ela voltou na delegacia e disse que o marido jogou a criança nela”, contou.

Versão dos pais antes da prisão
De acordo com a polícia, após a morte do bebê, o pai da vítima foi ouvido na delegacia e contou que o menino estava no banco de trás, na cadeirinha, mas sem o cinto de segurança.

O homem disse que com a trepidação da estrada, a criança foi derrubada da cadeira e conseguiu abrir a porta do carro, o que causou a queda.

O bebê estava no veículo acompanhado do pai e da mãe, que levaram o filho até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Prado, mas a vítima já chegou ao local sem vida.

Fonte: G1 Bahia