Bahia Saúde

Pesquisa realizada na Bahia descobre que Aedes também se reproduz em água suja

Descoberta cria necessidade de novas ferramentas de combate ao Aedes

Descoberta cria necessidade de novas ferramentas de combate ao Aedes

O resultado de um estudo inédito feito na Bahia muda o que era conhecido pela população sobre os hábitos do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e da chikungunya. Pesquisadores da Fiocruz percorreram bairros de Salvador e descobriram que o mosquito está ocupando os bueiros da cidade e se reproduzindo até mesmo na água suja.

“Já existiam evidências no México e na Colômbia de que os bueiros tinham um potencial papel na reprodução dos mosquitos e nossos achados suportam essas evidências anteriores. A gente começa a acumular um conjunto de resultados que vai sugerir aos programas de ministério e secretarias estaduais que outras ações precisam ser tomadas para enfrentamento dessas doenças que têm acometido nossa população”, diz o pesquisador Guilherme Ribeiro

A descoberta da Fiocruz ocorreu por acaso. O pesquisador Igor Paploski visitava casas para procurar mosquitos e percebeu que havia atividade dos mosquitos nos bueiros e nas áreas externas de casa e condomínios. Foi iniciado um estudo em bueiros localizados nos bairros de Brotas, Piatã, Pituba e Cabula.

Na pesquisa,122 bueiros foram marcados por GPS. O resultado foi que em 49% dos bueiros existia água suja e parada. Em 50 bueiros tinham larvas e mosquitos do Aedes.

O estudo foi publicado na Revista “Parasites & Vectors” (Parasitas & Vetores, em português), especializada em doenças transmitidas por insetos e respeitada internacionalmente.

A pesquisa aponta necessidade de novas formas de combate ao mosquito Aedes. “Para a gente tentar desenhar uma possível intervenção nos bueiros, talvez colocar concreto no fundo, enfim, tem que pensar na intervenção que vai ser feita. A ideia é mudar a estrutura não só nos bueiros. O problema das doenças arboviroses urbanas não é da saúde, mas estrutural das cidades”, diz o pesquisador Igor Paploski.

A pesquisa será ampliada para outros bairros da cidade, segundo a coordenadora da Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, Isabel Guimarães. “Nós sugerimos a ampliação do número que eles estavam pensando para os doze distritos sanitários (…) a fim de termos reposta mais precisa e próxima da realidade”, diz.

Segundo agentes, no verão, a quantidade de água acumulada nos bueiros aumenta, por conta das chuvas corriqueiras. Na região do Centro Histórico, onde a estrutura é mais antiga, fica um nível de água de cerca de 20 cm abaixo do bueiro, o que atrai os focos. O uso do larvicida não é mais adequado porque a água dos bueiros mais antigos vai para o mar, o que pode causar um problema ambiental.

“A sugestão que a gente dá – e isso vai solucionar essse problema -, é que as caixas sejam niveladas com concreto, faz uma ação com cascalhos para que não represe de uma tubulação para outra”, diz Ronaldo fernandes, coordenador de endemias.

O infectologista Antônio Bandeira, um dos pesquisadores que descobriu a circulação da zika nas Américas, avalia que a nova pesquisa reforça importância do uso de novas tecnologias na guerra contra o mosquito.

“A utilização de novas tecnologias como mosquito transgênico, que já foi testado aqui na Bahia e no interior de São Paulo, em Piracicaba, mostram bons resultados. O uso da bactéria que coloniza o Aedes impede de se contaminar com os vírus e reduz a população de Aedes. Talvez nessas situações, conseguisse atuar nos locais mais difíceis, os bueiros”, afirma.

Fonte: G1 Bahia