Brasil

Pandemia de coronavírus faz voos oficiais da FAB caírem 35%

A pandemia de coronavírus, causador da Covid-19, desacelerou as decolagens de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Um levantamento do Metrópoles, com base nos registros de voos, mostra que os deslocamentos caíram 35,6% desde que foram identificados os primeiros casos da doença no país.

Entre 26 de fevereiro — quando o Ministério da Saúde notificou o primeiro caso — e 26 de março, quando as contaminações completaram um mês, foram 56 decolagens.

No mesmo recorte de tempo do ano passado, quando não havia a circulação do vírus, foram realizadas pela FAB 87 decolagens.

Para se ter dimensão da queda, em 2019 somente em seis dias do período analisado não ocorreram voos, sendo a maioria fins de semana. Já em 2020, o índice subiu para 16 dias.

A autoridade pública que mais viajou no período em que está ocorrendo a transmissão do coronavírus é o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que realizou nove deslocamentos.

Os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também viajaram, mas em menor quantidade.

No governo federal, os ministros da Economia, Paulo Guedes, da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, usaram o serviço.

Em fevereiro, o Metrópoles mostrou que somente no ano passado, 17.247 passageiros tiveram acesso a esse meio de transporte em 1.585 viagens. Os números foram levantados pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do portal.

Missão de repatriação
Além das viagens de congressistas e ministros, a FAB realizou nesta semana uma missão de repatriação. Dois aviões resgataram 66 brasileiros que estavam isolados no Peru.

A operação foi determinada pelo presidente Jair Bolsonaro e coordenada entre os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores (MRE).

A decolagem pela FAB é regulamentada por decretos de 2002 e de 2015. São autorizados a usar os aviões o presidente da República e o seu vice, ministros, os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, além de comandantes e chefes das Forças Armadas.

A Força Aérea não divulga os gastos com as viagens. “Os custos operacionais das missões em aeronaves da FAB são classificados no grau de sigilo ‘reservado’, pois são considerados estratégicos por envolverem aviões militares”, estabelece a legislação.

A reportagem entrou em contato com a FAB para que ela comentasse os números, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto a esclarecimentos.

Aviação comercial
De um modo geral, a pandemia reduziu a circulação de aviões pelo país e no mundo. A demanda despencou com o adiamento de viagens e fechamento de fronteiras.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) calcula que a malha aérea das principais empresas reduziu em 91%.

Juntas, as aéreas vão operar 1.241 voos semanais, sendo 483 voos da Latam, 405 voos da Azul e 353 voos da Gol.

//metrópoles