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Notas de quatro das cinco áreas avaliadas pelo Enem diminuíram; média de Redação melhorou

Das cinco áreas avaliadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2019, a nota média dos participantes diminuiu em quatro na comparação com a prova aplicada em 2018. Apenas na Redação houve uma elevação. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) nesta sexta-feira.

As notas individuais já podem ser consultadas no site do Enem (enem.inep.gov.br). Os participantes podem usá-las em vários programas que garantem acesso a cursos superiores em instituições públicas e privadas.

Veja a evolução das notas, numa escala que vai de 0 a 1.000:

  • Redação: passou de 522,8 para 592,9;
  • Matemática e suas tecnologias: passou de 535,5 para 523,1;
  • Ciência humanas e suas tecnologias: passou de 569,2 para 508,0;
  • Linguagens, códigos e suas tecnologias: passou de 526,9 para 520,9;
  • Ciências da natureza e suas tecnologias: passou de 493,8 para 477,8.

Na Redação, 53 tiveram a nota máxima e 143.736 zeraram. Os motivos mais comuns para tirar zero foram entregar a prova em branco (56.945), fuga ao tema (40.624) e cópia do texto motivador apresentado no Enem (23.265).

Segundo o MEC, o número de participantes foi recorde em 2019, tanto em termos absolutos como relativos. Foram 3,9 milhões, ou seja, 77% dos 5,1 milhões de inscritos.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que as notas médicas não medem a qualidade da prova e afirmou que o Enem de 2019 foi um sucesso.

— É importante entender que isso não mede a qualidade da prova e da execução do Enem — disse Weintraub.

Já o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, disse que é possível comparar os resultados dos inscritos de um ano para o outro, graças ao método de cálculo da nota: a Teoria de Resposta ao Item (TRI).

— A prova mede o nível de proficiência daquele conjunto de estudantes. O resultado é: qual o nível de proficiência daquele conjunto de estudantes? Então a qualidade é das pessoas que estão fazendo a prova, não da prova em si. O que mede a qualidade da prova é o fato de que a gente aplica as provas. Com a Teoria da Resposta ao Item, a gente consegue garantir comparabilidade. O uso da TRI garante que a gente consegue auferir a proficiência correta em qualquer área de conhecimento — disse Lopes.

Lopes anunciou que a meta de aplicar o Enem de forma digital para 50 mil pessoas em 2020 dobrou. O MEC agora quer que 100 mil façam a prova dessa forma. O objetivo é que o Enem seja 100% digital até 2026, eliminando assim os exames impressos.

O presidente do Inep disse que já está definida a tecnologia que será usada, embora não quisesse divulgá-la. Afirmou também que os locais de provas, em 15 capitais, estão sendo selecionados, assim como outros detalhes da aplicação ainda estão sendo analisados. A intenção é oferecer aos primeiros inscritos de 2020 a possibilidade de escolher se quer fazer a prova digital.

Críticas ao PT

Posteriormente, Weintraub atribuiu o resultado às falhas na gestão da educação dos governos do PT, sem mencionar que as notas maiores do ano anterior também poderiam ser atribuídas às gestões anteriores. Depois, porém, o ministro disse que o Enem não serve para avaliar o desempenho da educação básica. Lopes também disse que isso é feito por meio do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

— Cada instrumento tem a sua função. O Enem não é feito para medir a evolução educação da qualidade do ensino, ano a ano, no país. O objetivo claro do Enem é selecionar as melhores pessoas. Ponto — disse Weintraub, acrescentando: — Não dá para falar que o PT fracassou no ensino porque o resultado do Enem não tem melhorado. O certo é: no Pisa (prova aplicada em vários países pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE), você enxerga o fracasso do PT e do Paulo Freire (educador alvo de críticas do governo).

Ao ser questionado quanto à falta de questões sobre a ditadura militar brasileira (1964-1985) no Enem de 2019, Weintraub disse que ainda não é “pacificado” o entendimento sobre o que ocorreu na época. Segundo ele, o que há na Venezuela e em Cuba pode ser chamado de ditadura. Mas negou qualquer interferência do MEC ou do Inep na banca responsável pelo exame.

— Ontem eu vi ali no Palácio uma cena que me revoltou. Deveria ter umas 80 crianças (venezuelanas) que subiram a serra para chegar a Roraima a pé. Os pais, uma situação terrível, alguns pais ficaram, famílias divididas. Uma ditadura facínora da Venezuela. Cuba. Nos Estados Unidos, você vê 20% da população cubana saiu de boia daquela ilha maldita. A ilha não é maldita, o governo é maldito — disse Weintraub.

O ministro da Educação seguiu:

— Para mim ditadura é isso, uma situação muito pesada. Como aqui no Brasil existe ainda uma coisa não pacificada de como foi o período do regime militar, e o objetivo do Enem não é polemizar, e sim selecionar as melhores cabeças, nós… Nem eu, não fui eu, a banca examinadora resolveu não colocar.

— Não houve nem um tipo de orientação em relação a temas que deveriam entrar ou sair da prova — acrescentou o presidente do Inep.

— Essa época ficou no passado. Nós temos respeito pela sociedade — concluiu Weintraub.

Candidato eliminado ao descascar uma maçã

Foram eliminados 6.286 candidatos, dos quais 3.001 por emissão de som por aparelhos eletrônicos, caso, por exemplo, de um celular ou alarme tocando. Houve 11 casos de eliminações pelo porte de armas, inclusive um candidato que puxou uma faca para descascar uma maçã.

Quanto ao perfil dos candidatos, 46% eram pardos, 36% brancos, 13% negros, e 5% amarelos, indígenas ou não declarados. Por sexo, foram 60% de mulheres e 40% de homens. Por fim, 29% dos candidatos eram concluintes do Ensino Médio, 59% já o tinham concluído, e 12% treineiros, ou seja, ainda não tinham chegado ao último ano do Ensino Médio.

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