Brasil

Nas redes, moradores do Jacarezinho relatam drama e apontam excessos da polícia

Moradores relataram, nas redes sociais, que houve abuso policial na ação que ocorreu na manhã de quinta-feira, 6, na favela do Jacarezinho, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. As denúncias vão desde invasão de residências e confisco de celulares até execução de pessoas e descaracterização das cenas onde houve mortes. Na intervenção realizada pela Polícia Civil, 25 pessoas morreram, entre elas um policial e 24 moradores. A ação é a mais letal da história do Rio.

No twitter, circularam fotos de um rapaz sentado em uma cadeira roxa, com a mão na boca e com vários tiros no corpo. Questionado sobre a imagem em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira, 6, o delegado Fabrício de Oliveira, à frente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e que participou da intervenção, confirmou que a imagem era de um dos mortos, mas disse que as circunstâncias em que ela foi feita serão apuradas.

Para o advogado criminalista Joel Luiz Costa, que coordena o Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e é morador do Jacarezinho há 32 anos, esse é um caso em que é possível verificar indícios de execução. “O rapaz tem um tiro na altura do tórax e tem um buraco na mesma altura da cadeira, então em algum momento houve tiro naquela cadeira”, disse ao Estadão.

Costa, que circulou pela favela e visitou casas de moradores, afirmou que viu um cenário de guerra. “Descaracterizaram a cena do crime, removeram cadáver, alteraram as coisas de lugar, o que dificulta a perícia”, disse. Desde a quinta-feira, 6, o advogado tem compartilhado vídeos e informes no Twitter, questionando se o número de mortes acabou com o tráfico de drogas no Jacarezinho.

Segundo os moradores, policiais entraram na casa e mataram um homem desarmado dentro do quarto de uma menina de 9 anos, que testemunhou a cena. No colchão, no piso e nas paredes, ficaram as marcas de sangue e restos de massa encefálica.

//istoe