Acidente Bahia

Invalidez por acidentes gera prejuízo bilionário à economia do estado

A Bahia foi o estado que mais obteve a diminuição nos acidentes de trânsito no Nordeste

A violência no trânsito baiano provocou um impacto econômico de R$ 4,09 bilhões no ano passado, ou 1,55% do Produto Interno Bruto (PIB).

Essa é a perda da capacidade produtiva – quanto cada brasileiro deixa de produzir anualmente em caso de morte ou invalidez – causada por acidentes que mataram 2.275 pessoas e deixaram outras 1.004 com invalidez permanente em 2016.

O cálculo é resultado de uma pesquisa realizada pelo professor Cláudio Contador, diretor do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), da Escola Nacional de Seguros, na qual constatou que, diante dos demais estados do Nordeste, a Bahia foi o que menos teve perdas decorrentes de acidentes no trânsito.

Entre 2015 e 2016, houve uma redução de 19,17% na perda do PIB baiano, menor percentual em comparação com os estados nordestinos, onde o maior foi de 46,5%, no Ceará. A Bahia foi o estado que mais obteve a diminuição nos acidentes de trânsito no Nordeste. O valor total da perda regional foi de R$ 866,23 bilhões. Para medir a perda da capacidade produtiva pós-acidentes é utilizado o Valor Estatístico da Vida (VEV), afirma a instituição.

Segundo Carlos Moura, coordenador de segurança e educação para o trânsito do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA) , tamanha redução se deve ao fato de o estado investir, não só nas leis, como na educação, além de buscar levar informação a todas as cidades, inclusive as do interior.

Natália Oliveira, economista da Escola Nacional de Seguros e coautora do estudo, declara que o impacto na vida das pessoas devido às sequelas deixadas pelos acidentes, pode ser avassalador: “Pessoas que morrem ou ficam inválidas permanentemente deixam de produzir para o país e para as famílias, um efeito cascata que gera uma perda imensa para todos ao longo do que seria seu ciclo de vida..

Claudio Moura complementa: “Os acidentes no trânsito ainda são uma tragédia de proporções épicas, com forte impacto social e econômico. São um custo muito alto para o país e é preciso criar uma cultura de responsabilidade ao volante, com ações permanentes de educação e fiscalização”

Para Renato Campestrini, responsável pela área de pesquisa e desenvolvimento do Observatório Nacional de Segurança Viária, não faltam campanhas de conscientização vindas do poder público. “O que ocorre é que precisamos de mais consciência para poder entender que qualquer um pode ser vítima de acidente de trânsito e que isso não é algo que só acontece apenas com os outros!”, ela aponta.

Lei Seca

Em 2016, as blitzes da Lei Seca pararam cerca de 16 mil pessoas em Salvador. Destas, 1.099 se recusaram a soprar o bafômetro, 203 foram reprovadas e 49 conduzidas à delegacia. Os números são da operação Paz no Trânsito, do Detran-BA.

Ainda de acordo com o Detran, durante as fiscalizações, 6.975 veículos foram notificados e 3.554 recolhidos, com 8.807 autos de infração lavrados e a prisão em flagrante de 12 pessoas. A infração mais cometida foi conduzir o carro ou a moto sem licenciamento.

Sem capacete

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) revelam que dois a cada 10 motociclistas do Brasil não usam o capacete. Isso se agrava ainda mais em áreas rurais: a cada dez, seis viajam desprotegidos.

Com isso, eles estão mais propensos a se ferirem gravemente em acidentes, o que ocasiona em superlotação dos hospitais públicos. Segundo o Ministério da Saúde, os motociclistas são responsáveis por um aumento de 115% nas internações, que, por ano, chegam a custar R$ 30 milhões.