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Imagens mostram que evacuação do Hospital Badim pode ter demorado

O gerador, no canto esquerdo da imagem, antes do curto-circuito do equipamento Foto: Reprodução / TV Globo

Imagens de câmeras de segurança do Hospital Badim revelam que, oito minutos após o primeiro sinal de curto-circuito no gerador, ainda não havia nenhum movimento para a retirada dos pacientes ou de alerta aos funcionários sobre a situação de risco na unidade, no Maracanã. As gravações da tarde do incêndio, na última quinta-feira, foram exibidas com exclusividade pelo “Fantástico”, da TV Globo, na noite deste domingo. Naquele momento, havia 41 pessoas internadas na UTI.

De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Peritos Judiciais, José Ricardo Bandeira, que analisou para o programa imagens registradas em nove câmeras — cinco no térreo, onde ficava a emergência, e quatro no subsolo —, o tempo levado até que o hospital tomasse medidas para a sua evacuação é considerado excessivo.

— Em caso de incêndio, em caso de uma fumaça tóxica, em sete, oito minutos você poupa muitas vidas. É um tempo excessivo para que você tome as medidas de contingência, faça a devida contenção do incêndio e a evacuação do prédio. Então, em sete, oito minutos, você evacuaria um prédio, desde que os funcionários estivessem preparados para executar essa função — afirmou Bandeira ao “Fantástico”.

Nessa imagem é possível ver fumaça no subsolo, onde ficava o gerado, e a movimentação de funcionários
Nessa imagem é possível ver fumaça no subsolo, onde ficava o gerado, e a movimentação de funcionários Foto: Reprodução / TV Globo

A tragédia terminou com 11 pessoas mortas, e 57 permanecem internadas em outras unidades de saúde. Duas vítimas receberam alta ontem, de acordo com o Badim. No sábado, a polícia terminou a perícia no prédio, levando parte do gerador para análise.

Quatro câmeras mostraram a movimentação no subsolo do hospital, onde estava o gerador que sofreu o curto-circuito. Além do equipamento, há quatro tanques com capacidade para 250 litros de óleo diesel cada um. Não se sabe quanto havia nos recipientes. As imagens revelam ainda que, enquanto muitas pessoas dentro do prédio não tinham ideia do que estava acontecendo, um homem aparece carregando um extintor de incêndio até o subsolo. Para Bandeira, a cena indica que não haveria um equipamento do tipo próximo ao gerador.

— Eles começam a trazer de outros andares os extintores, então é possível que próximo ao gerador não existissem extintores suficientes pra poder combater aquele incêndio. Isso chama bastante a atenção — acrescentou o especialista.

Em outra câmera, imagem mostra o almoxarifado já com fumaça
Em outra câmera, imagem mostra o almoxarifado já com fumaça Foto: Reprodução / TV Globo

Ele levanta a hipótese de o extintor usado no combate às primeiras chamas tenha sido o com CO2, e não o de pó químico, indicado para esse tipo de fogo.

— Se eles utilizaram o extintor errado, em vez de apagar o incêndio, eles conseguiram abafar o incêndio naquele gerador. O extintor usado de forma errada abafa, e você tem a falsa sensação de que apagou o incêndio. Mas aquilo vai aquecendo, vai aquecendo e, num determinado momento, renasce o incêndio, e já fora de controle — disse o especialista, após imagens mostrarem que o comportamento calmo de funcionários no subsolo parecia indicar que o combate ao fogo teria terminado.

Dúvida sobre brigada

Enquanto a situação parecia controlada no local, uma das câmeras mostrava que havia muita fumaça negra no almoxarifado. Segundo a reportagem, a perícia já havia constatado que os dutos de ar passavam por cima do gerador, o que explica a fumaça de cima para baixo na sala da tesouraria.

Outros problemas foram observados por José Ricardo Bandeira. O especialista destacou que, nas imagens, não é possível identificar a presença de bombeiro civil, geralmente caracterizado por uniforme na cor azul com detalhes em vermelho ou branco.

Procurado pelo GLOBO, o Hospital Badim explicou que as respostas sobre o que levou a fumaça ter tomado conta rapidamente de todos andares do prédio e sobre o fato de o exaustor não tê-la jogado para fora ainda dependem da perícia policial. O hospital acrescentou que ainda está apurando se houve dois picos de energia elétrica antes do incêndio.

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