Política

Haddad revela ter oferecido apoio do PT para Ciro ser candidato à presidência em 2018

Ex-candidato à presidência da República em 2018, Fernando Haddad (PT) revelou ter incentivado internamente um apoio do Partido dos Trabalhadores em prol de uma possibilidade de Ciro Gomes (PDT) ser candidato do bloco de esquerda em 2018. A possibilidade ocorreria se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pudesse ser candidato. A revelação foi feita em entrevista a Mário Kertész hoje (19), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole.

Haddad disse ter conversado com o filósofo Mangabeira Unger, considerado guru do então presidenciável Ciro. “Vendo o cenário, eu propus inclusive para Mangabeira Unger. Ele me procurou preocupado com a possibilidade de derrota para o Bolsonaro, mas eu também estava preocupado com uma derrota para Bolsonaro. O que eu acho que era possível: o Lula abrir mão da candidatura era muito difícil. Aí eu disse, conversa com Ciro, ele vira vice do Lula e na hipótese do TSE não acatar a candidatura do Lula, com ou sem ONU, eu me comprometo a trabalhar a possibilidade do Ciro nos representar a todos. Não vou ficar com vaidade pessoal para ser eu ou outro. Vamos ganhar a eleição. Tem a vida para a gente disputar”, afirmou Haddad.

Ainda segundo o petista, a possibilidade não foi discutida por dirigentes no PDT.  “Essa proposta não foi sequer considerada para ser trabalhada internamente. Foi feita em maio ou junho de 2018, dois meses antes do registro da chapa. O que eu quero dizer é que, na verdade, houveram cálculos que se não se concretizaram. Lula imaginava que seria o candidato, porque a Justiça teria que acatar [a decisão da ONU], e Ciro achando que Lula estaria acabado e não sobreviveria o que fariam com ele no ponto de vista político. Foi isso o que aconteceu, é um depoimento de quem viu a história passar perto”, declarou o ex-ministro da Educação.

“Eu não era dirigente do PT, sempre fui uma pessoa bem relacionada e usei esses relacionamentos em favor de um projeto. Eu nem imaginava que seria candidato, achava que seria Jaques [Wagner]. Eu disse a Mangabeira que ele diria sim ao Lula. Não havia possibilidade no momento de eu ser escalado”, acrescentou.

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