“Estou sendo punido por ser jornalista, pois nunca tive mandato, não desviei dinheiro e não caluniei”, diz Herzem Gusmão

Por Bia Oliveira

Animado e confiante. Assim se apresenta o radialista Herzem Gusmão, candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia, pelo PMDB, com o número 15.222. O radialista enfrenta uma ação movida pela coligação FRENTE CONQUISTA POPULAR, que questionou a utilização indevida de meio de comunicação social desde maio de 2011, com pretensões eleitoreiras. O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE) julgou a ação e a considerou procedente, decidindo-se pela cassação, por oito anos, dos direitos políticos de Herzem Gusmão, tornando-o inelegível. Caso a sentença não seja revogada, somente em 2020 ele poderá disputar uma vaga eleitoral.

Por conta dessa condenação do TRE, a candidatura do radialista sofreu outro golpe: a impugnação determinada pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), juntamente com 29 registros de candidaturas de deputados, sete federais e 23 estaduais, por enquadramento na Lei da Ficha Limpa. Gusmão é acusado de ilícito eleitoral.

Mas apesar dos transtornos, o radialista não se dá por vencido. Ele diz que já tem CNPJ, abriu conta no Banco do Brasil e estará disponibilizando as peças da propaganda eleitoral na próxima semana, porque confia no advogado que constituiu, em Salvador, Dr. Ademir Ismerin, e também na justiça. Segundo Gusmão, seu advogado ficou sem entender o que fez o Ministério Público Estadual, por isso, ele tem feito questão de distribuir à imprensa e aos amigos, o parecer do MPE pedindo sua inelegibilidade por oito anos, por comentários de 2011, “onde não há difamação, mentiras, calúnias e palavras agressivas, são questionamentos movidos pelo interesse público, comentários sobre uma terceira empresa de ônibus na cidade, comentários inerentes à minha atividade profissional e inerentes ao prefeito que recebe a crítica, porque é quem está governando, uma pessoa pública, não entendo como posso ter meus direitos cassados por oito anos sem eu nunca ter tido mandato, não desviei dinheiro, não pratiquei malversação de recursos públicos, como temos visto denúncias federais de desvios de recursos, 90% dos recursos da saúde não chegam aos hospitais e aos postos de saúde, 50% dos recursos da educação não chegam às escolas, uma corrupção desenfreada, e eu ser punido por ser jornalista”.

De acordo com o radialista, o professor Ubirajara Brito disse que não conhece na história do Brasil um único jornalista que tenha tido seus direitos políticos cassados por um delito de opinião. “No meu caso, eu sequer cometi o delito, por isso estou confiante que Dr. Ademir Ismerin haverá de reverter essa sentença e que a justiça vai reparar esse terrível equívoco”, afirmou, acrescentando que esse mesmo processo tinha sido extinto em primeira instância, por falta de provas, porém a coligação FRENTE CONQUISTA POPULAR pediu a reforma da sentença e o MPE mandou, em tempo recorde, para o TRE. “Dr. Josevando Andrade deixou o tribunal no dia 26 de maio, dia 11 de junho meu nome já estava pautado para ser julgado, foi o julgamento mais rápido da história do Brasil, uma velocidade impressionante”, explicou.

O radialista Herzem Gusmão diz que não entender porque o Partido dos Trabalhadores (PT) está preocupado com ele. “Não tenho essa importância, quem tem importância é a minha

cidade, o PT não quer perder essa cidade, cujo orçamento chega a quase 500 milhões, nós provocamos um segundo turno na eleição passada, lutamos contra os milhões e contra a estrutura pesada das máquinas municipal, estadual e federal, com a interferência do ex-presidente Lula, da presidente Dilma, do governador Jaques Wagner na eleição, eles cometeram todas as práticas vedadas pela justiça e não foram penalizados, mas essa mesma justiça já condenou a Rádio Clube a pagar diversas multas, infelizmente não há condenação para o PT em Vitória da Conquista”, lamentou.

Sobre os constantes pedidos de direito de resposta à Rádio Clube, pela administração municipal, Gusmão disse que está cada vez mais difícil atuar no jornalismo em Conquista. “Tenho 46 anos de militância no jornalismo e nem na ditadura ocorreu o que está acontecendo agora nesta cidade, todas as demandas do PT são acatadas pela justiça, e as nossas, negadas. Tudo o que se diz aqui ou qualquer entrevista que fira os interesses da administração gera ação de direito de resposta junto à Vara da Fazenda Pública, nós sempre damos o direito aos secretários de rebaterem as denúncias, mas eles preferem o direito de resposta para que nós não tenhamos direito a replica, é algo que nos entristece”, concluiu.