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Vitória da Conquista

ESPECIAL 50 ANOS DO GOLPE: Personalidades conquistenses foram marcadas pelo golpe militar

POR GABRIEL OLIVEIRA/JORNAL ASEMANA

Foto: Evandro Teixeira

Foto: Evandro Teixeira

Explicar, debater ou simplesmente comentar sobre o golpe militar é uma tarefa difícil tanto para quem, hoje, como historiador ou simples admirador da história do Brasil, é responsável pela informação e gerador ou fundamentador de opiniões, quanto, principalmente, para quem participou e foi vítima do período mais obscuro dos 513 anos do descobrimento, ou dos 191 anos de independência da nação verde e amarela.

Vitória da Conquista não ficou de fora da barbárie da ditadura militar. Personalidades marcantes da militância de esquerda daquele período, como o hoje professor, advogado e vice-presidente da Comissão Nacional da Verdade, Ruy Medeiros, o engenheiro e ex-prefeito de Conquista, José Pedral Sampaio, o jornalista Aníbal Lopes e o, na época vereador, Péricles Gusmão, foram presos, torturados, e este último morto misteriosamente no Quartel de Polícia de Vitória da Conquista, hoje, 9° Batalhão de Polícia Militar.

Torturas – Em conversa com a reportagem do Jornal ASemana, Ruy Medeiros, preso e torturado por sua militância em movimentos estudantis de esquerda, deu detalhes de como se davam essas torturas nos quartéis militares. “As torturas se tornaram o método de investigação criminal no Brasil, centralizadas, principalmente, no Departamento de Operações Internas e no Comando de Defesa Interna. Essas torturas, em primeiro lugar, atingiram pessoas de todo tipo, desde jovens, estudantes ou não, trabalhadores, intelectuais, religiosos, profissionais liberais, idosos, e atingiu tanto quem era contra a ditadura, a inocentes, o que mostra que a ditadura não via quem era a pessoa, e sim quais informações ela poderia dar. Eram vários os métodos utilizados nesse sentido: o “pau de arara”, a chamada “cadeira do dragão”, em que a pessoa sentava numa cadeira e recebia choques elétricos, afogamentos, em que a cabeça da pessoa era mergulhada num tonel de água até próximo ao desfalecimento, além de torturas psicológicas, no sentido de ameaças a familiares e amedrontamento da própria pessoa”.

Sentimento – “Lembrar do golpe militar é um sentimento muito amargo! Isso me traz lembranças das quais eu preciso me controlar, além de um profundo respeito a todos aqueles que foram vítimas, especialmente aos que foram assassinados e a seus familiares. Eu tive a oportunidade de estar em um encontro onde havia parentes de familiares e o que eu pude ver foi uma tristeza muito grande, pelo simples fato de não entender e não ter conhecimento do que houve de fato. Talvez as pessoas não se deem conta da entrega dessas pessoas para que nós nos livrássemos daquele regime que foi imposto aqui no Brasil. Chegar aos 50 anos desta data é lembrar de um período que marcou negativamente em todos os aspectos o Brasil”, disse Medeiros.

A chegada dos militares ao poder em completa 50 anos no próximo dia 1° de Abril, quando, em 1964, as Forças Armadas do Brasil derrubaram o governo do presidente eleito democraticamente João Goulart e assumiram o governo. Relembrar esse episódio marcante na história do Brasil é sempre uma tarefa difícil, mas de extrema importância.