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Em pronunciamento na TV, Bolsonaro pede reabertura de comércio e escolas e fim do ‘confinamento’

O presidente Jair Bolsonaro pediu, em pronunciamento em rede nacional de televisão e rádio exibido na noite desta terça-feira, a reabertura do comércio e das escolas e o fim do “confinamento em massa”. As medidas têm sido utilizadas no combate ao novo coronavírus, que já deixou 46 mortos no país. Durante o pronunciamento, houve panelaço em todas as regiões do país. E logo em seguida, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, rebateu Bolsonaro: ‘Brasil precisa de liderança séria, responsável e comprometida com vida e saúde da população’

— Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? — questionou Bolsonaro.

O presidente afirmou que o coronavírus “brevemente passará” e afirmou que a vida “tem que continuar”:

— O vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade.

No primeiro pronunciamento sobre o tema, realizado no dia 6 de março, Bolsonaro afirmou que não havia motivo para “pânico” e que o momento era de união.

A segunda fala sobre o tema foi realizada na semana seguinte, no dia 12 de março. O presidente recomendou o adiamento de manifestações que estavam marcadas para o domingo seguinte, devido à recomendação para evitar aglomerações. O próprio Bolsonaro, contudo, acabou participando dos protestos.

Presidente critica imprensa

O presidente criticou a cobertura da imprensa sobre a crise. De acordo com Bolsonaro, veículos de comunicação espalharam “a sensação de pavor” e potencializaram um cenário de histeria. Bolsonaro alegou que a imprensa baseou-se no alto número de mortos na Itália para projetar uma situação semelhante no Brasil, mas disse que a comparação não faz sentido, porque o país tem mais idosos e um clima diferente.

— Grande parte dos meios de comunicação foram na contramão. Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro chefe o anúncio de um grande número de vítimas na Itália, um país com grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso. Um cenário perfeito, potencializado pela mídia, para que uma verdadeira histeria se espalhe-se pelo nosso país.

O presidente também ironizou, de forma indireta, o médico Drauzio Varella e a TV Globo, ao chamar o coronavírus de “gripezinha” ou “resfriadinho”, fazendo referência a um termo utilizado em um vídeo gravado em janeiro de 2020 pelo médico. No domingo, o Portal Drauzio Varella alertou que o vídeo, gravado quando o coronavírus ainda não havia chegado ao Brasil,foi compartilhado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, como se fosse atual.

— No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão.

Após o twitter retirar do ar o post do ministro por “violar as políticas da empresa, além de uma alta repercussão negativa”, Salles pediu desculpas.

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