Bahia

Daniela Mercury leva folia politizada para Carnaval de Salvador

Daniela Mercury abriu suas apresentações no Carnaval 2020 de Salvador na quinta-feira (20) levando o tema Arte é Resistência por meio de seu trio no circuito Barra-Ondina. A cantora falou da escolha pela folia politizada.

“Hoje é dia de alegria, de força, de energia, de a gente se encher de esperança, amor. Por isso as frases são amor, respeito, arte. Carnaval é uma ocupação de arte nas ruas do Brasil, e é isso que traz todas as lutas hoje. Quem eu sou como pessoa não se desvencilha de quem eu sou aqui dentro do trio elétrico”, explicou em conversa com Quem.

Além das causas LGBT, ela também ressaltou algumas outras que defende com sua arte e como sua posição em causas sociais influenciam na sua arte. “A principal luta é liberdade de expressão, é apoio pra arte e a cultura brasileiras que estão sendo atacadas. A gente precisa também que as ONGs sejam respeitadas, a gente quer que a Amazônia seja respeitada. A gente quer que o povo brasileiro tenha oportunidades, justiça social.”

“Eu sou a cidadã, a militante, a artista, a embaixadora da Unicef, a embaixadora da ONU, sou lésbica, tenho família para cuidar, todas as famílias do Brasil são minhas também. A resistência é falar de arte aqui, todos os dias vocês vão ver minhas manifestações. Minhas lutas e meus sonhos para o país. Carnaval é o momento que a gente canta e diz tudo que a gente deseja para nós”, explicou.

Daniela iniciou um movimento pela liberdade de expressão quando declarou publicamente que amava sua esposa, Malu Verçosa, ao se assumir lésbica. Ela foi seguida por muitas atrizes que vem “saindo do armário”, e encoraja o movimento.

“As atrizes são muito bem vindas nessa militância porque tenho certeza que todas elas fizeram pelas mesmas razões que eu: sabem que devem viver na liberdade e merecem esse espaço. Os direitos civis foram conquistados nesses últimos anos e é preciso sair do armário, que é para quem quer, mas é muito bom que façam. A gente vai mostrando que diversidade sempre houve, mas as pessoas estão invisibilizadas e sofrendo opressão há muitos anos. As pessoas precisam sair desses muros, derrubar as paredes para a gente falar mais claramente e viver mais claramente.”

Nos cinco dias de trio, divididos entre os circuitos Barra-Ondina e Campo Grande, Daniela leva para o público um repertório que inclui músicas dos seus 40 anos de carreira e também de seu mais recente álbum, Perfume, que celebra os 35 anos de axé.