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Celular de Dominghetti apreendido pela CPI ligariam Bolsonaro à compra de vacinas

Em mensagens apreendidas pela CPI da Covid e divulgadas pelo portal O Antagonista, o policial militar Luiz Paulo Dominghetti dá a entender que, além da primeira-dama Michelle Bolsonaro, Jair Bolsonaro participou das negociações para a compra das vacinas da Astrazeneca oferecidas pela Davati Medical Supply.

Dominghetti, representante da empresa, diz ter recebido propina do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, que foi demitido após a revelação. Ele conversou com um contato identificado em seu celular como “Rafael Compra Deskartpak”.

Para o contato, Dominghetti enviou a seguinte mensagem: “Manda o SGS. Urgente. O Bolsonaro está pedindo. Agora”. “SGS” é um certificado que garante que o produto passou por todas as etapas dos processos exigidos por órgãos reguladores.

A mensagem não foi escrita por ele, mas reencaminhada. Integrantes da CPI suspeitam que o autor dessas mensagens enviadas a Dominghetti e reencaminhadas a “Rafael Compra Deskartpak” seja o reverendo Amilton Gomes de Paula, que será ouvido pela comissão no Senado.

Nas mensagens, Dominguetti também comenta assustado sobre os avanços do reverendo e da relação com a primeira-dama. “Michele (sic) está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia”, escreve. O interlocutor se mostra incrédulo diante do nome da primeira-dama: “Quem é? Michele Bolsonaro?”. Dominguetti retorna: “Esposa sim”.

Não fica claro, quando Dominguetti diz que “Michelle está no circuito”, que tipo de participação a primeira-dama pode ter no caso. Os integrantes da CPI devem avançar sobre esse ponto para entender se a primeira-dama foi usada para que os supostos vendedores de vacinas chegassem a Bolsonaro.

As mensagens encontradas no celular do policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira apontam que ele e o líder da associação privada Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), reverendo Amilton Gomes de Paula, discutiram a venda de vacinas contra a Covid-19 para países como Honduras, Paraguai e Angola. O reverendo apresentou atestado médico para não comparecer à CPI nesta semana.