Bahia Geral

Campanha visa estimular e mudar preferência de famílias

Na Bahia, há 120 crianças e adolescentes aptos à adoção e 1.413 pessoas interessadas

Se 8,5% dos pretendentes à adoção na Bahia realizassem o ato, não haveria crianças e adolescentes nos abrigos baianos. O problema: a maioria quer apenas recém-nascidos. Na tentativa de incentivar outras preferências e o próprio ato da adoção, aconteceu nesta quinta-feira, 23, uma ação da campanha “Adote – Encontro de Corações”, no auditório da faculdade Unime, em Lauro de Freitas.

Com representantes do Tribunal de Justiça (TJ), alunos de direito e pessoas que realizaram adoção, evento integra a comemoração ao Dia Nacional da Adoção, celebrado neste sábado, 25.

Na Bahia, há 120 crianças e adolescentes aptos à adoção e 1.413 pessoas interessadas. No Brasil, 5.500 crianças aguardam e 43 mil pessoas querem adotar, segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA).

Para realizar a adoção, é preciso procurar a Vara da Infância e da Juventude do local onde reside e manifestar intenção.

Para o corregedor das comarcas do interior, desembargador Salomão Resedá, a mudança de preferências é uma questão cultural e depende de cada indivíduo.

“As pessoas dizem que a adoção é um processo demorado e, na verdade, não é. As pessoas só querem recém-nascidos, se inscrevem e acham que ali já começou a adoção. Ali ainda está esperando a criança. É preciso mudar a preferência. Vamos em busca de orfãos com idades mais avançadas. O amor é incondicional, não leva em conta idade, sexo nem raça. Basta olhar e pode ser que o seu filho esteja ao lado”.

Quem não teve problemas com perfis para adoção foi a sergipana Etani Souza, 67 anos, que adotou 47 crianças e adolescentes. Ela recebeu uma placa de reconhecimento das mãos do desembargador Resedá.

Etani explica que, inicialmente, pensava em ter três filhos [teve cinco] e cuidar dos filhos dos outros. No entanto, ressalta ela, quem adota não cuida do filho dos outros, pois a gestação é apenas um ato biológico, o amor familiar vem com o convívio.

“Quando você olhar para a criança ou adolescente e sentir uma fagulha no coração, abrace e adote. Há muitos preconceitos, desencorajamento, mas adotar é responsabilidade. É um ato de amor. E eu amo todos sem distinção. A parte econômica é um peso, mas damos um jeito, com trabalho e ações extras”, diz ela, que possui 38 netos e sete bisnetos.

O juiz assessor especial da corregedoria, Arnaldo José Lemos, esclarece que as crianças portadoras de HIV, menores de 9 anos e irmãos orfãos são os que possuem maiores dificuldades para conseguir uma família.

“Algumas pessoas ainda não sabem lidar com o filho ou como responder determinadas perguntas que eles fazem, quando questionam a razão da diferença física entre eles, por exemplo. Procuramos ter a certeza de que a família que adotar fará a criança feliz”. //A Tarde