Brasil

Após censura, vendas do livro ‘O Avesso da Pele’ aumentam em 400%

Após o livro “O Avesso da Pele” se tornar alvo de censura em instituições de ensino do Rio Grande do Sul, as vendas do romance literário aumentaram em 400% na Amazon, desde a última sexta-feira (1º). A informação foi divulgada pela Folha de São Paulo.

Nesta quinta-feira (7), o livro ocupa o 2º lugar nos mais vendidos da plataforma. Escrita por Jeferson Tenório, a obra trata de questões raciais e foi vencedora do Prêmio Jabuti de 2021, além de integrar o Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação (MEC).

A diretora de uma escola da cidade de Santa Cruz do Sul, Janaina Venzon publicou um vídeo nas redes sociais, na última sexta-feira (1º), pedindo que exemplares da obra fossem retirados da instituição e não fossem usados por professores dentro da sala de aula, por usar “vocabulário de baixo nível”.

Em resposta à publicação, o Núcleo Regional da Educação de Curitiba da Secretaria de Educação do Paraná, determinou na segunda-feira (4) a entrega de todos os exemplares à sede do núcleo, até sexta-feira (8). As alegações são de que o livro vai passar por uma “análise pedagógica”.

Durante entrevista à Rádio Metropole nesta quarta-feira (6), Jeferson Tenório refutou as acusações e apontou a similaridade deste tipo de conduta com a de regimes militares.

“O livro não é sobre isso, é justamente sobre o racismo, o racismo estrutural, sobre a violência policial e sobre o quanto as pessoas negras sofrem com o racismo no Rio Grande do Sul […] Ninguém tem o poder de fazer a recolha de livros de uma escola. Isso é um atentado contra a Constituição, é inconstitucional”, afirmou.

Através de ofício, a Secretaria Estadual de Educação disse que “habitualmente revisa os materiais didáticos incluídos no PNLD” e que a revisão foi necessária porque, em determinados trechos, “o texto tem expressões, jargões e descrições de cenas inadequadas para menores de 18 anos”.