Luto Vitória da Conquista

Morte de Biguá Alfaiate vai extinguindo setor de alfaiataria em Vitória da Conquista

Biguá Alfaiate trabalhava na Travessa Treze de Maio

Um dos poucos resistentes de uma das mais antigas profissões de Vitória da Conquista, a alfaiataria, morreu na tarde desse domingo, 25. Juracy Nunes dos Santos, ou Biguá Alfaia, é um dos mais tradicionais profissionais da costura artesanal da cidade. Desde a década de 70, inicialmente no antigo Beco da Tesoura, Biguá exercia o ofício de alfaiate. Logo depois, foi trabalhar em seu atelier na travessa Treze de Maio, próximo ao Salão Bahia e a Paulinho Du Bar. Foi em seu espaço de trabalho que se encontrava na tarde do domingo (25), quando foi vítima de infarto fulminante.

O corpo do alfaiate está sendo velado no Salão da Vitória, na Rua Olavo Bilac, próximo à Capelinha do Hospital São Vicente. O sepultamento acontece às 16 horas desta segunda-feira (26), no Cemitério Municipal do Kadija.

Arte em extinção

O alfaiate é o profissional responsável por cozer roupas masculinas, de alta costura, e costumes de mulher. Até um passado recente era uma profissão requisitada, que atendia, geralmente, aos desejos de clientes que não dispensavam um bom terno feito à mão. O problema é que o tempo passou, as mudanças tecnológicas se acentuaram, os custos dos insumos foram elevados, além da produção em massa de ternos pela indústria, que fez com que esses profissionais praticamente sumissem do mercado. Alguns decidiram mudar de ramo, aposentaram e outros morreram, praticando extinguindo a arte da alfaiataria.

Hoje, em vez de mandar fazer, as pessoas recorrem às lojas de grife, com suas araras abarrotadas de ternos bem feitos e caros, ou ainda lojas mais simples e até mesmo as de departamento. Isso se deve aos novos tempos, à correria, aliados à industrialização, que contribuíram para a redução na procura pelos ternos feitos a mão.

Numa reportagem especial feita pela TV Sudoeste sobre profissões antigas, Biguá Alfaiate disse que a maior parte de seu trabalho se resumia a consertos, pois a procura pela confecção de ternos tinha reduzido de forma significativa.

Com a morte de Biguá, uma página da história de Vitória da Conquista vai se fechando, com a quase extinção de uma profissão das mais antigas da história do município.

Para encerrar, fica aqui uma frase de Seu Biguá sobre o terno. “A roupa, o modo de se vestir, de falar e de sentar revela se o homem é culto ou não, o terno é uma roupa que deixa a pessoa mais confiante e transmite confiança em quem está perto”.

Sobre o modo de usar o terno

1- UM BOTÃO É CHIQUE – Usado nos modelos com lapela alongada, só funciona em ternos ajustados. Rende um visual bem moderno, ideal para eventos noturnos.

2- DOIS SÃO CONFIÁVEIS – É o abotoamento mais visto nos escritórios, pois garante uma modelagem acinturada, alongando o tronco, sem denunciar a sobra na barriga.

3- O TERCEIRO TRAZ SERIEDADE – Quem faz o estilo tradicional prefere, em geral, o terno de três botões, pois, além do ar de seriedade, destaca o combo colarinho e gravata.

MAIS DICAS:

Vale lembrar que o último botão do terno deve ficar aberto, imprescindivelmente.

O paletó pode ter uma, duas ou nenhuma fenda na parte de trás. Como o paletó deve cobrir as nádegas, as fendas auxiliam no momento de sentar.