Cultura

Regina Duarte na posse: ‘Convite que me trouxe aqui falava em carta branca, não vou esquecer’

Com um discurso de que veio para “pacificar” o setor, a atriz Regina Duarte tomou posse da Secretaria Especial da Cultura em cerimônia no Palácio do Planalto nesta quarta-feira. Ela aproveitou a ocasião para mandar um recado ao presidente Jair Bolsonaro, que acompanhou a solenidade.

— O convite que me trouxe até aqui falava em porteira fechada e carta branca. Não vou esquecer não, hein presidente — disse Regina.

Durante seu discurso, logo após o de Regina, Bolsonaro afirmou, rindo, que ela passará por um “momento probatório” e que tem certeza de que enfrentará bem esse período. Mais sério, o presidente respondeu ainda a cutucada da atriz.

— Todos os meus ministros receberam o ministério de porteira fechada. Às vezes eu interfiro, e isso não é perseguir ninguém, é botar o ministério no caminho escolhido pelo chefe do executivo.

Antes de começar a cerimônia, Regina desceu a rampa de braços dados ao vice-presidente Hamilton Mourão. Eles foram para o palco, onde estavam o presidente Jair Bolsonaro e sua esposa, Michele; a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves; o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina; e o ministro da Casal Civil, Braga Neto.

Bolsonaro voltou a falar que “a Cultura foi cooptada pela política, de modo que ela foi usada para interesses político-partidários”. E que, após um ano de governo, “tem certeza de que colocou a pessoa certa no cargo.”

Antes, em sua fala, Regina alternou momentos de humor, lançando mão de trechos até teatralizados, com frases mais sérias.

— Me disseram: “Calma, calma, no começo é assim mesmo, depois melhorar”. Assuma, antes que um aventureiro lance mão — disse, citando verso de “Samba de Orly”, de Vinicius de Moraes, Toquinho e Chico Buarque.

E enumerou:

— Meu propósito é pacificação e diálogo permanente com o setor cultural, o estado e o município, o parlamento e os órgãos de controle. Ufa!

Em seguida, ela reforçou a importância do legislativo para que a Cultura do país progredisse. E deu ênfase à necessidade de descentralizar os recursos de fomento.

— Posso passar por ingênua, mas acredito que dá pra fazer muita cultura com os recursos que temos, como nos meus tempos de amadora.

//extra