POLITICA
‘Carne Fraca’ derruba vendas na Bahia e distribuidores preveem demissões
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Bia em 28.03.2017 às 12:30

A previsão é de queda em torno de 25% na Bahia
As vendas de carne no mercado varejista da Bahia tiveram uma queda de até 25% após a deflagração da operação Carne Fraca, há dez dias, segundo dados da Associação dos Distribuidores e Atacadistas do estado (ASDAB). O órgão ainda prevê aumento no desemprego no setor por conta do impacto negativo da ação no mercado.
A operação da Polícia Federal foi para apurar o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos de outros estados. Os estabelecimentos são suspeitos de vender produtos adulterados e até carne estragada.
“Há uma oferta bem maior de produtos no mercado interno e, com isso, os preços tenderão a cair. O aumento será muito bom para o consumo, mas, para o produtor, será muito ruim. Então, já estima-se aí que o número de desempregados em curto prazo da cadeia fique em torno de 7% a 10% “, afirmou o presidente da ASDAB, Antônio Cabral.
Segundo o órgão, os supermercados mantêm produtos de marcas investigadas nas prateleiras, mas mesmo com promoções que chegam a 30% as vendas despencaram nos últimos dias.
Desde que as investigações vieram a público, ao menos 22 países e a União Europeia, compradores da carne brasileira, anunciaram algum tipo de restrição à importação, o que levou à queda no valor diário das exportações. A China, maior comprador da carne brasileira em 2016, suspendeu as importações, mas já retomou as compras, assim como Egito e Chile.
O Ministério da Agricultura também suspendeu a licença de exportação dos 21 frigoríficos investigados pela Polícia Federal na operação — nenhum deles fica na Bahia. Seis dos 21 foram interditados.
Mercado baiano
Atualmente, o parque industrial baiano registrado no Serviço de Inspeção Estadual (SIE) é composto por 238 indústrias, sendo 38 matadouros frigoríficos (bovinos, suínos, caprinos, ovinos e aves), 141 laticínios, 23 de produtos cárneos, 11 de pescado, 13 de ovos e 12 de mel.
Em Itapetinga, no sudoeste do estado, onde fica o maior rebanho bovino da Bahia, frigoríficos que exportam carne para países asiáticos estão preocupados com as restrições. Um deles, que está em atividade há quatro anos e gera mil empregos diretos, começou a exportar a carne para Hong Kong e para a África há quatro meses e espera que a polêmica que envolve a produção de carne seja superada para ampliar os negócios para o Líbano e outros países do Oriente Médio.
“Isso prejudica a cadeia como um todo, desde o produtor a todos os frigoríficos. E nós nos incluímos nesse meio, porque isso tudo cria essa imagem negativa por um problema que nós cremos ser pontual. Cria uma imagem negativa para todo o país”, diz José Marcos Costa, diretor do frigorífico, que produz, por mês, cerca de mil toneladas de carne. (mais…)