Vitória da Conquista

Primeira noite de festa no Glauber Rocha ajudou a matar saudade do Arraiá da Conquista. E hoje tem mais

O cantador Xangai lamentou, em um de seus sucessos: “Ai que saudade de São João, que não volta mais”. Mas o Xangai, secretário municipal de Cultura afirma que a tradição volta por cima. E assim acontece. Depois de dois anos sem São João, olha ele voltando ao Arraiá da Conquista.

A cantora Robertinha, a segunda a se apresentar no palco principal do primeiro dia de festa no Centro Cultural Glauber Rocha, também enfatizou a saudade da festa cantando: “Tô com saudade de tu meu desejo” e “Saudade assim faz roer e amarga qui nem jiló. Mas ninguém pode dizer que me viu triste a chorar. Saudade, o meu remédio é cantar”.

Entusiasmada com o retorno do Arraiá da Conquista, ela declarou que a sensação que sentiu foi a de voltar para casa e encontrar tudo do mesmo jeito. “A saudade, a vontade de subir nos palcos, de fazer forró, de tomar um quentãozinho e comer a comidinha típica, sentir o cheirinho de fogueira, ver o brilho das pessoas lá de baixo, curtindo a tradição, que o nordestino vive disso. E pra gente é um presente, um prazer imenso tá aqui de novo”.

Ao falar da ansiedade antes de subir ao palco, as lembranças de Marlua, vocalista do Forró Chegança, foram mais longe. “Quando comecei a tocar forró, há 11 anos atrás, o meu primeiro palco foi o do São João da Prefeitura. A gente ganhou essa honra e estamos aí até hoje”, lembra. Para Marlua, não tem coisa melhor do que tocar na nossa terra. “E essa parceria com a Secretaria de Cultura, com a prefeitura de Vitória da Conquista, é longa e eu espero que prolongue mais ainda”, desejou.

Forró Chegança encerrou a primeira noite com clássicos da música nordestina a exemplo de Paraíba, La Belle de Jour e Anunciação.

Antes de Robertinha e de Marlua, subiu ao palco um dos maiores nomes da música nacional, reconhecido no mundo todo por sua inventividade e competência para criar sons: o compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal. Ainda no camarim, Hermeto falou sobre estar pela primeira vez em Vitória da Conquista. “Senti que estou em mais um céu na terra. A terra tem vários céus, e aqui é um deles”.

Para o bruxo, como é chamado, cada apresentação é única. “Eu não faço a mesma coisa, sempre mudo quando toco. Vou mudando, e é maravilhoso como os outros. Nunca é igual. Sempre, cada vez mais criativo. E ser convidado para tocar aqui é uma honra”, afirmou o genial Hermeto.

Já era por volta de duas horas da madrugada e o casal Neidinho Fernando, de 54 anos, e Maria Senhora Santos, de 55 anos, se aquecia com a dança. “Gente, de verdade, está gostoso demais. Dois anos que a gente não tinha esse forró. Agora está ótimo. Está beleza pura pra nós dançar. Que alegria.”, disse Maria, e seu marido confirmou: “Meu Deus! Eu estou achando muito bom! Muito gostoso! Forró muito bom! Tinha aquela pandemia todinha! Graças a Deus passou!”.

A professora Adriana Glay comentou que a maioria da população está vacinada e isso deixa a festa mais segura. “A gente volta mais tranquilidade e prestigiar esse forrozinho pé de serra é muito bom pra gente lembrar das nossas origens. Bem interessante, bem gostoso mesmo de tá aqui curtindo. E graças a Deus com saúde”.

A também professora Fernanda de Oliveira estava pela primeira vez no Arraiá da Conquista. “Tem dois anos que eu estou morando aqui. A primeira vez que eu venho e estou gostando muito, porque sou de São Paulo capital, nunca tinha presenciado uma festividade tão linda” A amiga Eliana Amaral completou: “A prefeita está de parabéns por dá esse lazer pra gente”.