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Parada LGBTQI leva folia e críticas a Crivella à orla de Copacabana

24ª Parada do Orgulho LGBTI em Copacabana Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

Nem mesmo a chuva parou a 24ª Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio, em Copacabana, neste domingo. Em clima de micareta política, o ato começou às 14h com ritmo de festa entre os participantes e discursos contra o presidente Jair Bolsonaro, o governador Wilson Witzel e o prefeito Marcelo Crivella. As falas de organizadores e militantes também celebraram a liberdade sexual, a diversidade, e lembraram os assassinatos da menina Ágatha Vitória e de Iury Ferreira, organizador da parada LGBTI de Bangu.

— A parada é carnaval, política, cidadania e festa — afirmou Claudio Nascimento, coordenador do evento. — E se torna cada vez um espaço de luta, precisamos lembrar de Marielle e denunciar nosso governo irresponsável que trata o povo da favela como lixo, como descartável.

Debaixo da chuva, os manifestantes que começaram a encher a orla às 11h da manhã coloriram o domingo nublado de Copacabana com fantasias e adereços com as cores do arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQI. Acompanhando os nove trios elétricos e 27 alas do ato, os manifestantes fazem folia com dança, som alto, muitos beijos, bebidas e gritos contra políticos e a violência contra pessoas LGBTQI.

— É pra protestar e beijar muuuuuito — sintetizou a drag queen Manu.

Uma ala do desfile traz como tema “beijo e livre” e “censura nunca mais”, fazendo referência à cruzada do prefeito Marcelo Crivella contra uma HQ com cena de beijo na Bienal do Livro do Rio deste ano. “Eu beijo ele, eu beijo ela, eu só não beijo a boca do Crivella”, cantaram os manifestantes fazendo um beijaço em “homenagem” ao prefeito.

24ª Parada do Orgulho LGBTI em Copacabana
24ª Parada do Orgulho LGBTI em Copacabana Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

Um bandeirão de 120 metros com as cores do arco-íris foi carregado pelo público ao som de sucessos do pop nacional e internacional, considerados hinos da comunidade LGBTQI, como “Sinais de fogo” de Preta Gil e “Born this way”, de Lady Gaga.Também há uma versão amarela do tradicional bandeirão, com 30 metros, para lembrar a campanha do setembro amarelo de prevenção contra o suicídio.

O ato organizado pela ONG Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT conta com a participação de políticos como Talíria Petrone, David Miranda, Jandira Feghali e Carlos Minc. Artistas como Luis Lobianco, Jane di Castro (que deu a largada a caminhada do ato cantando o Hino Nacional em ritmo de samba), Tereza Cristina e Pablo Vittar, que fará o show mais aguardado pelo público, também participam do ato.

— As políticas anti-lgbt dos governos, como a censura do Crivella na Bienal, fazem mal não só a nossa comunidade, como também à própria imagem do Brasil no exterior — afirmou o estudante de engenharia da UFF Cássio Xavier, presente pela primeira vez na Parada.

A Parada LGBTQI celebra ainda a decisão de junho deste ano em que o Supremo Tribunal Federal equiparou as práticas de homofobia e transfobia ao crime de racismo. Agora, quem ofender ou discriminar gays ou transgêneros estará sujeito a punição de um a três anos de prisão. Assim como no caso de racismo, o crime será inafiançável e imprescritível.

Com o tema “Pela democracia, liberdade e direitos: ontem, hoje e sempre”, o ato lembra os 40 anos de movimento LGBTI no Brasil e aos 50 anos da Revolta de Stonewall, um levante ocorrido em Nova York contra as batidas policiais em locais frequentados pela comunidade.

O ato é acompanhado pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal.

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