Warning: Use of undefined constant URL_CAMARA - assumed 'URL_CAMARA' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/storage/0/0b/d8/blogdabiaoliveir1/public_html/wp-content/themes/bia2019/functions.php on line 29
Bahia Brasil

De campeão baiano a crise de identidade, Bahia de Feira pega o Corinthians na estreia da Copa do Brasil

Reprodução/Globoesporte

Nos treinos, uma camisa preta e vermelha, com um ECFS no escudo. No jogo desta quarta-feira, às 22h (horário de Brasília), contra o poderoso Corinthians, pela Copa do Brasil, camisa azul, branca e vermelha, com a sigla ADBF no distintivo. É assim, em meio a uma crise de identidade, que o Bahia de Feira estreia na Copa do Brasil e recebe o Timão em Feira de Santana.

Em campo, os jogadores não se ligam em burocracia. Fora dele, trabalham em um centro de treinamento afastado da cidade e se divertem ao som de “Lepo Lepo”, hit do carnaval baiano em 2014. A ADBF que vai jogar nesta quarta-feira é a Associação Desportiva Bahia de Feira, clube tradicional, fundado em 1937 e conhecido como Tremendão. No ano passado, porém, o Bahia de Feira fechou uma parceria com o Vitória e mudou o uniforme para um tom rubro-negro, semelhante ao do clube de Salvador. Além disso, passou a se chamar Esporte Clube Feira de Santana.

Apesar dos uniformes de treino com as novas diretrizes, o Feira de Santana não chegou a entrar em campo com essa roupagem. Tudo dependia do aval da CBF, que precisava aprovar a alteração de cores, escudo, uniforme e até mascote – saiu o raio, entrou o cangaceiro. A entidade, porém, ainda não autorizou a parceria, sob a alegação de que Feira e Vitória disputam o mesmo campeonato: a primeira divisão do Baiano.

Após a eliminação no estadual, o clube encerrou a parceria com uma fornecedora de material esportivo que confeccionava as camisas do novo Feira de Santana. Em um jogo com exposição nacional como o da Copa do Brasil, os jogadores vão entrar com o uniforme tradicional do Bahia de Feira. A parceria com o Vitória não deve mais sair do papel, e isso não preocupa o time do interior.

– A Fifa impediu essa parceria, mas o clube é independente e sadio financeiramente. A parceria era para ter uma junção e dar um suporte de atletas, não por dinheiro. O Vitória prosseguiria com nosso trabalho de formação. Não era para sobrevivência, e sim para manutenção dos atletas. A mudança do nome foi pela parceria, mas o Bahia de Feira tem uma história muito grande, e por isso houve uma resistência muito grande – afirmou o técnico da equipe, Quintino Barbosa. – Agora, voltamos a ser Bahia de Feira. Volta a tradição de um clube grande no interior da Bahia – completou.

O centro de treinamento do Bahia de Feira conservou tal tradição e nunca mudou sua fachada. No prédio que serve de alojamento, o vermelho e azul predominam, e a inscrição “Campeão Baiano 2011” lembra a última alegria que o clube teve. Localizado em São Gonçalo dos Campos, cidade vizinha a Feira de Santana, o CT é acessado por uma estrada terra e fica em meio a uma paisagem rural, perto de grandes fazendas e com silêncio quase absoluto.

Além das vozes dos jogadores, dos chutes na bola e das orientações do técnico, o único som que se ouve é o do “Lepo Lepo”, hit do cantor baiano Psirico, que fez sucesso no Carnaval deste ano 2014. Enquanto o elenco treinava na manhã desta terça-feira, amigos dos jogadores e “gandulas” improvisados jogavam futebol com as bolas que sobravam e cantavam a plenos pulmões a música, executada pelo celular de um dos presentes.

O som logo contagiou quem estava em campo. O lateral-direito Orlan desafiava um dos goleiros em cobranças de faltas. Depois de fazer um golaço, com a bola no ângulo, tirou de letra os versos do refrão de Psirico. – Os garotos são descontraídos, cinco titulares meus são da equipe júnior, ainda muito jovens. Então é normal ter esse clima tranquilo por aqui – afirmou Quintino Barbosa.

A estrutura deixa a desejar, apesar do campo em estado regular de conservação. As piscinas que deveriam servir de relaxamento causam dor de cabeça – uma está vazia, enquanto a outra está cheia, mas com água tão suja que torna impraticável qualquer atividade. Ao menos, os jogadores podem descansar debaixo das dezenas de pés de jaca que cercam o CT, protegido apenas por arame farpado e sem nenhum incidente registrado na história. Fruto da tranquilidade que impera nesse pedaço do interior baiano.