Bahia

Com desmatamentos, nuvens de poeira também podem atingir a Bahia, diz pesquisador

As últimas manchetes de jornais do mundo inteiro, ao tratar dos fenômenos climáticos, parecem um filme de terror. Queimadas na floresta Amazônica, geleiras do Ártico derretidas, vulcão em erupção no continente africano. As últimas notícias que têm causado muitas dúvidas abordam as nuvens de poeira em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Maranhão. Entre Franca e Olinda, em São Paulo, as rajadas de vento chegaram a 200 km/h, em setembro, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

 

Regiões como o Nordeste, caracteristicamente mais secas que as demais partes do país, sofrerão ainda mais os efeitos da desertificação, caso o desmatamento não seja controlado. O fenômeno de nuvens de poeira é chamado de haboob, e acontece geralmente em países desertificados, ou de forma pontual no Brasil em períodos de seca. Segundo o diretor do Instituto de Biologia da UFBA, Francisco Kelmo, a Bahia não está salva de um registro de nuvens de terra.

 

“Tínhamos muita vegetação e, portanto, muita umidade. Com a devastação das florestas, especialmente Amazônia e Pantanal, o processo de evapotranspiração realizado pelas plantas diminui e com isso a umidade também diminui, por consequência altera o regime de chuvas, que altera o sistema de circulação dos ventos e provoca a seca em várias regiões (sendo que as secas, ficam ainda mais secas) juntando tudo isso resulta nessas nuvens de poeira que estamos vendo pelo país”.

 

Por outro lado, o engenheiro ambiental, Francisco Gomes, acredita que a possibilidade do fenômeno chegar à Bahia é baixa, devido à diversidade de biomas. “A nuvem de poeira ocorrida no sul, estava aliada a fatores como tempo seco, temperaturas elevadas, enfim, fatores climáticos.”

 

Gomes, no entanto, não descarta a hipótese. “Nossa região litorânea apresenta índices pluviométricos significativos, com umidade do ar elevada, reduzindo a possibilidade do fenômeno ocorrer. Contudo, com o processo de desmatamento e desertificação não se pode descartar a possibilidade.”