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Carnes adulteradas podem afetar a saúde, diz especialista

O especialista alerta que carne podre pode ocasionar um problema de saúde pública

A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última sexta-feira, 17, afeta diretamente a saúde do brasileiro. Algumas tradicionais marcas do setor – como Sadia, Friboi, Seara e Perdigão – são investigadas por irregularidades graves em suas produções, como carne vencida, armazenamento inadequado e uso de produtos cancerígenos em excesso, com objetivo de ocultar as características que impedem que o consumidor detecte algo errado, como mau cheiro, por exemplo.

Rogério Aparecido Machado, químico, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutor em saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP), comentou alguns pontos sobre a operação.

Saúde pública

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura,   Eumar Novacki, afirmou   que os casos de irregularidades apontados não representam um risco à saúde pública. Rogério concorda com o secretário, já que, para ser considerado um problema de saúde pública, todos precisariam estar contaminados. Para ele, o  que foi achado é permitido utilizar para retardar o desenvolvimento de micro-organismos nocivos na carne. O problema não são as substâncias, e sim a carne que já estava podre”.

Substâncias químicas

A PF descobriu que as empresas compravam notas fiscais falsas de produtos com SIF (Serviço de Inspeção Federal) para justificar as compras de carne podre e utilizavam ácido ascórbico para maquiar as carnes estragadas. “Existem substâncias químicas que, quando adicionadas à carne, reavivam a cor, a textura e a absorção de água, mas isso não faz com que a carne fique boa. Se ela estava estragada, ela continuará podre, apenas com aparência melhor”, conta Rogério Machado.

Carne podre

Na operação foram encontradas carnes vencidas há três meses. “Só tem uma coisa a fazer com carne podre: descartar. Não tem produto químico algum, mesmo os aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que sejam capazes de fazer uma carne estragada ficar boa novamente. Se isto de fato aconteceu, foi negligência de alguém querendo tirar proveito da falta de conhecimento dos outros e da falta de controle”, comenta professor da Mackenzie.

Temperatura

A PF declarou que a carne estava armazenada   em temperaturas  inadequadas. O professor diz que, assim que se corta a carne in natura ela já está em decomposição. Uma forma de retardar esse processo  é refrigerá-la. “Os micro-organismos têm dificuldade em fazer seu metabolismo em  temperatura   baixa. Quando se adiciona uma substância química, inibe-se ainda mais o desenvolvimento de micro-organismos, mas não os mata. Eles ainda se desenvolvem, mas de maneira mais lenta”.

Efeitos

O consumo exagerado das substâncias encontradas, principalmente o de carne podre, pode gerar riscos e até levar à morte. “Excesso de nitrito pode levar a uma temperatura maior e formar compostos cancerígenos. O consumo exagerado de ácido sórbico pode gerar enxaqueca e náuseas. Existem  estudos que mostram que sorbato de potássio combinado com a vitamina C, que é outro conservante, pode gerar até benzeno, a única substância com 100% de certeza que é cancerígena”.

Adição de água

A Operação  Carne Fraca da Polícia Federal  (PF) encontrou absorção de água em frangos  superior ao índice permitido pelas autoridades sanitárias  brasileiras. “Os conservantes colocados no alimento retêm  a água. Isso faz com que o alimento fique mais pesado e na hora da pesagem, pesa-se mais água do que alimento”, comenta o professor Rogério Aparecido Machado. Essa prática, acrescenta,  não traz risco à saúde do consumidor, mas pode ser considerada fraude.

Fonte: A Tarde