POLITICA
Estudo liga 12% das mortes por câncer de mama à falta de atividades físicas
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Bia em 19.10.2018 às 17:02

A prevenção é extremamente importante, pois quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores as chances de cura
“Eu não praticava exercícios. Eu fazia de vez em quando alguma coisa, uma caminhada, mas nada regular. E o meu médico, depois que eu tive o diagnóstico do câncer, falou do quão importante é o exercício físico”, diz a professora de Artes Plásticas Cristiane Daud, de 55 anos, atualmente curada de um tumor de mama. “Hoje faço bastante academia, natação e musculação, até de fim de semana.”
O Ministério da Saúde apresenta nesta sexta-feira, 19, um estudo inédito no País que indica que cerca de 12% das mortes de mulheres por câncer de mama poderiam ser evitadas pela prática regular de atividade física (150 minutos por semana). A pesquisa ainda liga outros hábitos à ampliação do risco, como o uso abusivo de álcool e dietas com excesso de açúcar.
Os dados foram divulgados no artigo científico Mortality and years of life lost due to breast cancer attributable to physical inactivity in the Brazilian female population (1990-2015), publicado online pela revista Nature neste ano. O levantamento de informações teve apoio do governo brasileiro e concluiu que 2.075 mortes poderiam ter sido evitadas, apenas no ano de 2015, se as pacientes realizassem ao menos uma caminhada de 30 minutos por dia, cinco vezes por semana.
Conforme o estudo, com apoio do Instituto de Métricas de Washington (EUA) e recursos da Fundação Bill & Melinda Gates, a atividade física diminui o estradiol e aumenta a globulina de ligação. Nesse processo, há redução de situações inflamatórias. “Atividade consome hormônios que sobrecarregam as glândulas mamárias”, explica Fatima Marinho, diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Ela é uma das autoras, ao lado de Diego Augusto Santos Silva, Mark Stephen Tremblay, Maximiliano Ribeiro Guerra, Meghan Mooney, Mohsen Naghavi e Deborah Carvalho Malta.
Duas em cada três
O problema é maior nas principais capitais e afeta duas em cada três mulheres. Ali, 13,9% delas admitem ser totalmente sedentárias, segundo a pesquisa governamental Vigitel 2017. E 51,3% praticam atividade física insuficiente – ou seja, não alcançam os 150 minutos semanais de atividades de intensidade moderada ou 75 minutos semanais de atividades de intensidade vigorosa. “Trata-se de uma questão evolutiva. Nos primórdios, correr, andar muito, era uma questão de sobrevivência. Hoje, para onde se vai, se senta. É um risco que fica bem claro”, diz a pesquisadora. (mais…)