Vitória da Conquista

Valorização da cultura afro-brasileira ganhou destaque no Novembro Negro da Educação

As palmas seguiam o ritmo do atabaque, do berimbau e do pandeiro e o canto ressoava por todo auditório do Centro Municipal de Atenção Especializada (Cemae). No palco, as crianças e seus mestres do Grupo Nossa Arte dançavam a capoeira. A batucada contagiou gestores e pedagogos da Rede Municipal de Ensino, que, primeiro, entraram na roda de samba e, depois, na roda de contação de história, feita pela professora Greissy Leôncio Reis, em que a boneca abayomi* foi a personagem principal.

“Por meio da contação de história afro-brasileira e africana, dos personagens e suas indumentárias, a gente leva nossa criança e nosso adolescente a se identificar de forma positiva com sua história”, comentou Greissy, que ao se dedicar aos estudos sobre a oralidade, se tornou griô – mestre que transmite sua cultura através da tradição oral.

E assim o dia de ontem (23) foi especial para os servidores da Secretaria Municipal de Educação (Smed) contratados no mês passado, que participaram do “Novembro Negro – Diversidade gerando Igualdade”, atividade dedicada ao mês em que se comemora a Consciência Negra . “O tema é justamente nesta perspectiva de fazer todas as pessoas compreendam a necessidade da gente resgatar nossa história para que toda pessoa que historicamente foi relegada ao acaso possa agora estar retomando o seu lugar como agente construtor da nossa sociedade. Então o trabalho é ressignificar as relações étnico raciais e que a gente possa conviver numa perspectiva de uma diversidade na igualdade”, explanou a professora Niltânia Brito, que ministrou a palestra que deu nome ao evento.

Para Aracy Helena Lopes Ferreira, pedagoga recém-contratada pela Smed, foi gratificante não só ouvir como poder compartilhar um pouco da história dela. “Se a gente não se colocar no lugar do outro, a gente não consegue entender que não é ‘mimimi’. Foi importante estarmos presentes, pois essa questão tem de estar na formação das crianças. Porque, como Nelson Mandela já dizia, elas não nascem racistas, se elas aprendem a odiar elas podem ser ensinadas a amar e a serem tolerantes, por isso é importante esse evento com os pedagogos”, comentou.

 

 

As atividades tiveram o objetivo de valorização da diversidade e relações raciais, uma reflexão sobre o enfrentamento do racismo e a promoção da igualdade racial. Segundo o secretário Municipal de Educação, Edgard Larry, é necessário ter esse momento especial de debate e reflexão, mas é preciso no dia a dia desenvolver práticas relacionadas ao enfrentamento do racismo. “Nós que atuamos no serviço público, notadamente na educação, precisamos e devemos cumprir o nosso papel de desenvolver ações que venham sempre repudiar qualquer forma de discriminação”. conclamou o professor Larry.

A programação, realizada em parceria com a Uninassau, teve ainda uma mesa redonda “Relatos de Experiência de Vida”, conduzida pela psicóloga Marcela Santiago, a oficina sobre cabelo afro, ministrada por Joaldo Pinheiro, e apresentação musical dos educadores Betão e Raul.

*As mães africanas – quando vieram para o Brasil como escravas – rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como amuleto de proteção. As bonecas ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘encontro precioso’, em iorubá, uma das maiores etnias do continente africano, cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim.