Política Vitória da Conquista

Arlindo dispara contra Ticolô: “É um zero à esquerda em Conquista”

Arlindo afirma possuir um dossiê repleto de informações que serão passadas ao presidente do diretório estadual do partido, João Gualberto

Por Blitz Conquista – Ex-presidente do PSDB de Vitória da Conquista, atual secretário municipal de Agricultura, Arlindo Rebouças tomou conhecimento da existência de uma nova direção partidária como os demais mortais: pelas páginas do Diário Conquistense. Dias antes, em Salvador, ele esteve com o presidente estadual da legenda, João Gualberto, com quem discutiu política e outras mumunhas, mas nem uma palavra sobre alteração na direção local do partido, que passou a ser comandado por Claudionor Dutra, o popular Ticolô.

Em entrevista ao Diário na tarde desta quinta-feira (29), Arlindo Rebouças lembrou os velhos tempos: municiou sua metralhadora e mirou no novo presidente de seu partido, contra quem fez declarações duríssimas. Arlindo afirma possuir um dossiê repleto de informações que serão passadas ao presidente do diretório estadual do partido, João Gualberto, a quem demonstrará o equívoco de haver jogado os partidos nas mãos de Ticolô. Indignado com os fatos, Arlindo promete manter-se no partido e ir à luta.

“Segundo ele, não votaria em Herzem porque Zé Raimundo é amigo dele e que ele não gostava de Herzem e que votaria em Zé Raimundo. Eu tenho prova disso, que ele falou. E foi omisso ao longo da campanha. Então, é uma pessoa que, politicamente, a gente diz: é um zero à esquerda em Conquista, não tem prestígio, não tem nada. Então, não entendo o que motivou esta mudança de João Gualberto, para botar esse rapaz aí. Eu fico com pena porque sou apaixonado pelo PSDB e quando vejo agora o PSDB indo para o buraco”.

Abaixo, a íntegra da entrevista:DIÁRIO CONQUISTENSE: Arlindo, o PSDB conquistense tem uma nova direção, você perdeu a condição de presidente da legenda. Como se deu este debate internamente?

ARLINDO REBOUÇAS: Na realidade, não houve debate interno nenhum. Estive lá em Salvador, conversei com João Gualberto, uma conversa muito boa. Ele não falou nada, mas estranhamente quando eu cheguei aqui na terça-feira o partido fez, o partido, não, alguns membros fizeram uma reunião escondida, não fui convidado, eu só soube depois que teve essa reunião, foi uma armação do Claudionor Dutra… Alguns membros do partido estão descontentes porque todo mundo acha que quando a gente ganha uma eleição todo mundo do partido tem que tá empregado na Prefeitura, e isso é impossível. Herzem usou o critério dos mais votados do partido. Me convidou para ser secretário, convidou Ivan Cordeiro para a coordenação, ele foi o primeiro colocado como vereador; convidou Paulo César para ser coordenador. Adriano Mendes disse que só interessava a ele a Coordenação da Juventude. E convidou Ana que foi a outra mais votada. Então, os mais votados o partido chamou para fazer parte do governo. Posteriormente, seriam avaliados os outros nomes. Mas o pessoal descontente achou que tinha que colocar todo mundo. Alguns não tiveram votos. Aí, de repente, estranhamente a gente tá vendo uma nova direção do partido, com Ticolô presidente; Paulo César, que inclusive estava comigo aqui nesta sala e falou que estava com a gente, inclusive mandou fazer uma chapa constando o nome dele, que nós fizemos e encaminhamos para a direção

estadual. Botou Ivan, que todo mundo sabe que não tem voto, que teve 1.500 votos a peso de ouro, gastou muito para ter esses poucos votos. O Paulo César tem voto, ele tem prestígio, tem amizade, é respeitado. Adriano esforçou muito, foi até uma surpresa a votação que ele teve. E George Nora que infelizmente não tem voto, provou em duas eleições que não tem voto. Gite, também gosto dele, mas não tem voto. Então não entendi o porquê.

DIÁRIO CONQUISTENSE: E Ticolô?
ARLINDO REBOUÇAS: Bom… Ticolô, Fábio, quem é Ticolô na política de Conquista? Ninguém. Ele teve na cooperativa e quando teve uma disputa perdeu, uma derrota acachapante, ele teve 55 votos e Jaimilton 91 votos. Depois que ele perdeu a eleição, não sei se foi verdade ou mentira, mas apareceu muita coisa dele na cidade, a respeito dele na cooperativa. Não sei o que foi. Eu tive quatro mandatos de vereador. Em 2010, fui chamado a ser candidato a deputado estadual. Não queria, não era meu objetivo, mas disseram que era para ajudar o partido. Fui candidato a deputado estadual pelo PMN, praticamente não fiz campanha e tive 6.729 votos, com um gasto de campanha de R$ 45

mil. Ticolô, este líder de Conquista, em 2014 foi candidato a deputado estadual, teve 6.324 votos, gastou R$ 424.880 mil, para ter essa merreca de votos. Em Vitória da Conquista, ele teve apenas 3.361 votos. Politicamente é uma pessoa inexpressiva em Conquista. Não tem prestígio, não tem voto e eu não sei porque João Gualberto… eu quero uma conversa com ele. Hoje eu acredito que Herzem não ganhou a eleição em 2012 porque o vice era muito ruim. Não tinha voto, não tinha prestígio e atrapalhou muito Herzem. Inclusive eu soube que ele está querendo ser até reitor da UESB. Eu acho que a UESB não merece isso. Ele merece coisa muito melhor.

DIÁRIO CONQUISTENSE: Mas Ticolô esteve apoiando o candidato tucano em 2016.

ARLINDO REBOUÇAS: Veja, Fábio. Em 2016, foi uma eleição que polarizou Zé Raimundo e Herzem. Nós enfrentamos uma eleição na qual Herzem teve 78.455 votos, 47% dos votos; Zé Raimundo teve 31.69%, 51.989 votos. Eu tive 12.423 votos, 7.57%; Fabrício teve 7.1%, com 11.502 votos; Joás teve5.46%, com 8.966 votos e Enoque 0.45%, 734 votos. Eu tive em minha campanha 32 candidatos a vereador, eu gastei na campanha R$ 131.00,00, teve vereador no nosso partido que gastou o dobro disto. Com esse dinheiro demos televisão a 32 candidatos, contador e advogado para todos, material para os 32, e fomos o terceiro mais colocado. O mais interessante é que Ticolô não fez parte da campanha, não participou da campanha, foi totalmente omisso, não de um real pra campanha, foi em uma reunião no Boqueirão apenas, e desapareceu. No segundo turno, ele nem em Herzem votou. Votou em Zé Raimundo. Segundo ele, não votaria em Herzem porque Zé Raimundo é amigo dele e que ele não gostava de Herzem e que votaria em Zé Raimundo. Eu tenho prova disso, que ele falou. E foi omisso ao longo da campanha. Então, é uma pessoa que, politicamente, a gente diz: é um zero à esquerda em Conquista, não tem prestígio, não tem nada. Então, não entendo o que motivou esta mudança de João Gualberto, para botar esse rapaz aí. Eu fico com pena porque sou apaixonado pelo PSDB e quando vejo agora o PSDB indo para o buraco. Ele já foi presidente e foi pro buraco e agora vai pro buraco novamente. Mas vamos à luta, vou ter uma conversa com João Gualberto, vou levar os dados pra ele. E pior ainda, mais agravante: na campanha de 2014, que ele foi candidato com João Gualberto, ele não pagou o pessoal até hoje. E João Gualberto não sabe disso. Ele deu

calote em muita gente em Vitória da Conquista, apesar de ter gasto R$ 400 mil reais, ele não pagou as pessoas. Eu fui procurado por muitas pessoas já. E João Gualberto, com certeza, não sabe disso, e vai saber. Porque a imagem do partido fica totalmente ferida, porque não pagou as pessoas que colocou para trabalhar. E o dinheiro foi repassado. Porque ele entrou na campanha de deputado com R$ 1.600 mil em dinheiro e João Gualberto com R$ 400 mil. Por que não pagou as pessoas? Fica sujando a imagem do partido. Um cidadão desse quer ser reitor da Universidade.

DIÁRIO CONQUISTENSE: Você acredita que essas articulações têm a ver com o interesse dele de ver o irmão, Paulo Dutra, secretário de Agricultura?

ARLINDO REBOUÇAS: Eu acho que o principal objetivo é este, é colocar o irmão dele, Paulo Dutra, que eu não conheço, em meu lugar. Eu acredito que o apoio que nós demos a Herzem, os votos que Herzem teve, que nós transferimos, não foi voto do PSDB, e você sabe disto. É um trabalho que já

tenho em Conquista há muitos anos como vereador. Se nós tivéssemos aqueles R$ 400 mil teríamos balançado o segundo turno… Então, acho que Herzem sabe de meu trabalho, de minha dedicação, nós o apoiamos na campanha, transferimos votos que não são do PSDB, mas de Arlindo e Marcelo, não foi voto de Ticolô, que não fez campanha e votou em Zé Raimundo. Então, essa conversa dele querer esta secretaria, depende do prefeito. Secretário pode ser demitido a qualquer momento. Nunca tive paixão por cargo, mas por trabalho. Estamos fazendo um esforço enorme na Secretaria, trabalhando de domingo a domingo, com pouco maquinário e fazendo muita coisa. Mas se for da vontade do prefeito mudar, não posso fazer nada.

DIÁRIO CONQUISTENSE: O fato é que você vai conversar com João Gualberto pessoalmente.

ARLINDO REBOUÇAS: Claro. Ele não sabe que o nome dele também foi envolvido nisto aqui, por não pagar as pessoas. Porque foi uma casadinha, como a gente chama em política. Eu tenho certeza que João Gualberto não sabe disso, que o nome dele está envolvido por não pagamento de restos de campanha em Conquista, mas o dinheiro veio de Salvador. E foi gasto onde?

DIÁRIO CONQUISTENSE: Posturas como estas do PSDB acabam repercutindo politicamente no conjunto do governo?

ARLINDO REBOUÇAS: Nós estamos no Brasil num momento muito difícil, muito conturbado, principalmente na ética na política, que não tem, com as pessoas assim querendo a todo custo passar por cima dos outros. E isso aí vai repercutir mal pra Conquista, para o PSDB, que tem uma chance muito grande de crescimento nacional, mas são essas pessoas que prejudicam o partido. Agora, eu tenho um desafio maior pra Ticolô: pra eu e ele, na próxima eleição, sair candidato a vereador, os dois, para ver se ele tem voto. Na política, é um cara que só tem aparência, vive de aparência. O povo não conhece ele. Manda ele andar aí. Ninguém sabe quem é este rapaz. Tenho um trabalho de muitos anos em minha cidade, enfrentei o PT 20 anos naquela Câmara, você sabe. No segundo turno da eleição passada o primeiro partido que me procurou foi o PT, mas era uma coisa que eu não podia apoiar, uma coisa que eu combati 20 anos. Eu não podia apoiar em hipótese nenhuma.

DIÁRIO CONQUISTENSE: Arlindo continua no PSDB?

ARLINDO REBOUÇAS: Do partido, não saio, não. Gosto do partido. As pessoas que estão aí passam, o partido fica. Eu acredito que Ticolô não fica no partido, não vai ficar na direção. Na hora que eu passar as informações aqui, que são graves, contra o partido e contra João Gualberto, eu acredito que ele não fica no partido. Acredito no bom senso de João Gualberto e do PSDB da Bahia.